Manuel Castelo Branco: “A Universidade de Coimbra precisa do IPC”
O candidato à presidência do Instituto Politécnico de Coimbra falou no Observatório sobre a actual gestão do IPC, a importância da acção social e uma eventual integração do Politécnico com a Universidade de Coimbra.
O comentário do programa de 18 de Maio ficou a cargo de Manuel Castelo Branco, atual professor do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC) e candidato nas eleições do próximo dia 21 de Maio à presidência do IPC. A três dias do acto eleitoral, o jurista falou aos microfones da RUC da sua visão para o Instituto Politécnico e o ensino superior da cidade de Coimbra.
“Tenho uma visão do Politécnico diferente da de Jorge Conde”
Desde o primeiro minuto, Manuel Castelo Branco demarcou-se claramente das políticas da presidência actual do IPC, Jorge Conde, não poupando críticas aos orçamentos da unidade central que entende ser exagerados. O papel dos serviços centrais, no seu entender, deve ser de “distribuição de oportunidades”, devendo o IPC em si ser o mais descentralizado possível, deixando a cada escola a possibilidade de definir o seu rumo.
Durante todo o programa o docente não escondeu a oposição às decisões do atual presidente, desde o duplicar do orçamento do serviço central – que ultrapassa o de quase todas as escolas do instituto – à contratação de serviços externos para suprir necessidades com competências internas. Esta animosidade contrasta com a relação de amizade que Manuel Castelo Branco afirma partilhar com Jorge Conde, mas que escolhe deixar de lado ao falar do futuro do IPC.
“Para mais de 11.000 alunos o IPC tem 3 assistentes sociais”
Naquele que é um dos estandartes da sua proposta para o IPC – a aposta na melhoria da acção social – o ex-presidente do ISCAC aponta o dedo a vários culpados: uma falta de financiamento por parte do Estado, um serviço no instituto que é maioritariamente auto-financiado e uma falta de pessoal qualificado para lidar com a dimensão do corpo estudantil. Contrariando a opinião dada por Jorge Conde na passada quinta-feira à RUC, a acção social do IPC tem problemas, e estes devem ser tidos em consideração.
No entender do professor, o IPC tem de reforçar as suas estruturas de acção social para colmatar a actual deficiência na informação e apoio dados aos estudantes e se preparar para um novo ano lectivo já numa perspectiva pós-pandemia. O dinheiro, esse, deverá vir do orçamento excessivo que criticou desde o início da entrevista.
“Não é nenhuma Oferta Pública de Venda das escolas do IPC à Universidade”
Naquela que é a proposta mais fraturante do programa de Miguel Castelo Branco – a integração do IPC com a Universidade de Coimbra – o jurista é claro: estas instituições não se devem encarar como concorrentes, devendo sim fortalecer as ligações que já partilham. Dando como exemplo as várias instituições por todo o país onde esta integração já foi feita, o candidato acredita que Coimbra só tem a lucrar ao ganhar a segunda maior instituição de ensino superior do país, tornando-se um íman necessário no centro do país para atrair mais estudantes, com mais qualidade.
Manuel Castelo Branco admite que ainda não iniciou conversas com a UC para discutir a possibilidade, mas acredita que uma abordagem frontal e clara sobre o assunto é suficiente para trazer a bordo o apoio da Reitoria. Numa aposta que afirma ser relevante para toda a região centro, apela também à Câmara Municipal e à Comunidade Intermunicipal para apoiar a esta visão.
“Quero ganhar deste modo ou perder deste modo”
Com a eleição a três dias de distância, o professor do ISCAC deixou claras as suas principais lutas: descentralização, acção social e proximidade com a UC. Identificando-se como um challenger, diz saber que o caminho para a eleição é difícil, mas está a ser feito da maneira que entende ser a correcta. Perdendo ou ganhando, o importante é o processo pelo qual o fez.
A entrevista na integra pode ser escutada no nosso serviço de Podcast ou então no Spotify (Observatório).