Semana Internacional do Cérebro: Imunidade Cerebral
O Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) assinala, mais uma vez, a Semana Internacional do Cérebro, no mês de março. Em entrevista à RUC, Ana Cardoso, doutorada em Bioquímica e investigadora do CNC, descreve como comunicam e de que formas se influenciam o cérebro e o sistema imunitário.
“Trilhos do Cérebro” é o tema da iniciativa do Centro de Neurociências e Biologia Celular no âmbito da Semana Internacional do Cérebro, em 2022. O objetivo é “sensibilizar para a importância do estudo do cérebro e do seu papel fundamental numa vida saudável”, segundo o CNC.
Convidada a conversar sobre a imunidade cerebral, Ana Cardoso explica que o cérebro tem na sua composição, além dos conhecidos neurónios, células do sistema imunitário, que têm como principal função protegê-lo de agentes patogénicos. As mais conhecidas chamam-se microglia.
As células do sistema imunitário que habitam o cérebro, ou, por outras palavras, células do sistema neuroimune, não se limitam a protegê-lo. De acordo com a investigadora, estas células também controlam as ligações entre neurónios e quais são os que sobrevivem e os que têm que ser eliminados, sobretudo durante o período embrionário e a infância.
Por outro lado, o cérebro também tem uma “via de controlo” sobre o sistema imunitário, nas palavras de Ana Cardoso. Num momento de stress, por exemplo, o cérebro leva o sistema imunitário a produzir uma resposta de defesa inflamatória, como explica a investigadora.
Em determinadas situações, a resposta das células do sistema neuroimune pode tornar-se crónica. Segundo Ana Cardoso, a ativação contínua de respostas inflamatórias contribui para a progressão de algumas doenças, como a demência ou o Alzheimer, porque “não é um processo particularmente bom para manter a longo termo”, já que as moléculas produzidas são, a longo prazo, prejudiciais para os neurónios.
Ana Cardoso defende que é fulcral apostar na estimulação do sistema imunitário das crianças, de forma a evitar que se desenvolvam respostas de defesa inadequadas.
A imunidade do cérebro é um tema com muito por investigar, como reconhece Ana Cardoso. A investigadora garante que o Centro de Neurociências e Biologia Celular vai continuar a percorrer as células imunes que residem no cérebro.