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11.12.2021POR Informação RUC

Elísio Estanque: “Uma falha da civilização ocidental é o divorcio entre o conhecimento técnico e a formação humana.”

No Dia Internacional dos Direitos Humanos, Elísio Estanque, sociólogo e professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra comenta os temas da atualidade com foco nas desigualdades que são sentidas nos dias de hoje.

Para celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, Elísio Estanque comentou vários temas em torno das desigualdades que existem nos dias de hoje, as suas causas e propostas para mitigá-las. No centro da conversa esteve a formação do indivíduo enquanto cidadão. A educação para a consciencialização destes problemas parece ser a base da mudança do paradigma que vivemos hoje em dia, bem como políticas de discriminação positiva. A globalização que veio a exacerbar as desigualdades e retirar-nos a nossa individualidade também foi tema de discussão.

“Muitos dos nossos empresários olham com desconfiança para as competências e formações dos académicos”

Segundo o sociólogo, existe uma disparidade entre o tecido empresarial e o tecido académico. Reformas como o processo de Bolonha ou a introdução do Regulamento das Instituições do Ensino Superior não tiveram benefícios para o aumento de salários ou a melhoria das condições dos jovens estudantes que deixam a vida académica para o mercado de trabalho. São assim necessárias medidas para estreitar a distância do mundo académico com o empresarial, que necessita de cedência das duas partes.

“O associativismo académico tem se deixado canibalizar pela lógica da gestão universitária”

Para o professor, o enfraquecimento da Associação Académica de Coimbra (AAC) e de outros associativismos tem duas grandes consequências nefastas: dificulta a mobilização de estudantes e diminui o espírito critico na Universidade. A falta de força e pujança que a AAC transmite resulta numa fraca mobilização e agregação de estudantes. Sem massa crítica, com desinteresse por falta dos alunos e abstenções altas nas eleições para os órgãos da AAC não é possível lutar com eficácia pelos direitos dos estudantes. Sem essa pressão por parte estudantes, a faculdade perde sentido crítico. Sentido crítico que, segundo o professor, é o que faz a Universidade ou qualquer organismo evoluir. Concatenando, sem um associativismo forte, a Universidade fica mais fraca.

“Quem vende a demagogia de simplicidade para problemas complexos torna-se perigoso e oferece soluções perigosas”

A desigualdade na distribuição de recursos, o fosso entre a academia e a industria e as estatísticas do futuro que não animam os jovens são questões da mais alta complexidade. Estes problemas têm de ser encarados com calma e racionalidade. A tentação pode ser grande para passar uma narrativa simplista de causa e efeito, mas a verdade é que todos os problemas complexos têm de ser contextualizados.

A entrevista completa pode ser ouvida em formato podcast em ruc.pt ou na plataforma Spotify.

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