João Assunção: “A intervenção política e cívica da academia de Coimbra não pode ficar abalada por esta experiência colectiva [pandemia]”
Na retrospectiva a que o encerramento do ano lectivo conduz, o processo de tomada de decisão sobre o agendamento da Queima das Fitas de 2021, as consequências do impacto das restrições impostas pela pandemia sobre a vida dos estudantes e novos desafios para os períodos vindouros foram os principais temas abordados no comentário do Observatório.
O espaço do comentário do Observatório de quarta-feira, 04 de Agosto, foi reservado a João Assunção, presidente da Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra.
O dirigente destaca que as limitações impostas nos últimos 18 meses geraram efeitos de restrição, não só na vivência dos períodos de festividades mas, também, em outras vertentes tão importantes como as desportiva e cultural da vida académica. João Assunção espera que, em Setembro, os efeitos da vacinação em larga escala se façam sentir e permitam “recuperar o tempo perdido” e o carácter de intervenção que distingue a academia conimbricense de todas as associações académicas do país.
“Fomos demasiado optimistas na relação que tínhamos com a pandemia”
Após um ano e meio de perdas e prejuízos que, de acordo com o presidente, são irrecuperáveis, a AAC está motivada para intervir de forma intensa, porém progressivamente, já no primeiro semestre do ano lectivo que se segue. As áreas de intervenção que destaca são as componentes cultural, política, cívica e desportiva. Esta última, refere, incidirá não só sobre o desporto universitário mas também lúdico.
Assim, a AAC pretende que todas as estruturas e secções demonstrem o seu valor e capacidade de trabalho para cativar os estudantes. João Assunção está confiante que o papel que a AAC se compromete a desempenhar vai contribuir para a integração dos estudantes nos diferentes níveis da frequência universitária. A respeito, refere também o evento da recepção ao caloiro e para o qual prevê “muita actividade”.
Uma comunidade unida pelo direito universal à vida
Contudo, Assunção afirma que o cenário atípico vivido serviu para que a comunidade colocasse o direito universal à vida de todos os cidadãos acima de tudo e, assim, adoptasse uma postura de protecção para com as camadas da população mais vulneráveis. Perante um cenário de agravamento do contexto sócio-económico dos estudantes, de relações interpessoais e implicações emocionais aos quais se agregam os efeitos negativos da economia, nomeadamente reflectidos nos rendimentos do agregado familiar, através de cortes salariais e situações de desemprego, o dirigente reconhece que é necessário implementar respostas para uma “comunidade emocionalmente fragilizada” e que tem sofrido com a precariedade económica.
Confrontado com situações de maior vulnerabilidade entre os estudantes, como o abandono escolar, a saúde mental e o problema de alojamento, João Assunção afirma que a AAC tem procurado um “clima de proximidade” com os estudantes, fazendo uso do contacto directo através das redes sociais e assumindo, também, tomadas de posição que exigem respostas e medidas claras ao Estado Central na mitigação dos problemas, agora em destaque, da comunidade do ensino superior.