Mário Frota: “Coimbra carece efetivamente de ser povoada”
A vida da baixa, o desconfinamento e a lei das letras miudinhas em análise no Observatório.
O programa Observatório do dia 11 de Junho contou com a presença de Mário frota, presidente da Associação portuguesa do direito de Consumo (APDC).
O lançamento da plataforma de divulgação de comércio local e produtores agrícolas(Iniciativa Coimbra Comércio), a perda de vida na baixa de Coimbra, o desconfinamento antecipado e a mudança na legislação relativamente às cláusulas abusivas nos contratos foram os temas de destaque do comentário. Mário Frota aponta críticas à desertificação da cidade de Coimbra sublinhando a ideia de que Coimbra “carece efetivamente de ser povoada”. O presidente da APDC considera determinante o desempenho dos cidadãos da cidade de Coimbra no “despovoamento da baixa e na desertificação dos espaços circo-adjacentes. Acrescenta que ” é fundamental que os conimbricenses tomem nas suas mãos o redesenho da baixa de Coimbra”.
É preciso dar vida a Coimbra, afirma Mário Frota
Sobre a concorrência do comércio local, Mário Frota diz que é necessário que as pessoas saiam “dos espaços acanhados, viciados, viciosos(…) das grandes superfícies comerciais e reconstruir a cidade no que ela tem de singular”. Em relação aos comerciantes da baixa de Coimbra que continuam a manter os seus estabelecimentos, apesar de quebras “acentuadíssimas”, Mário Frota afirma ser preciso preciso “ tornar Coimbra naquele espaço de sociabilidade”. Segundo o presidente da APDC, Coimbra deve voltar a ter “vida, onde vida deve ser imprimida fragorosamente, Coimbra precisa de voltar a ser aquela lição de que a canção fala”. Ainda sobre as grandes superfícies comerciais, Mário Frota caracteriza como “ grandes catedrais do consumo, aos domingos e feriados” . O presidente lamenta que “as pessoas perderam o hábito de dar vida à cidade que de algum modo também tira vida a quem não a visita”.
Reabertura gradual é fundamental
A conversa avançou para a antecipação do desconfinamento por parte do Governo. O dirigente alerta que é fundamental um reabertura gradual e apela “ a uma atenção comedida” por parte das pessoas para que não se volte novamente a uma situação de confinamento. Sobre a situação pandémica em Lisboa e Vale do Tejo que tem vindo a agravar-se nos últimos dias, Mário Frota afirma que “não compreende o facto de não haver uma cerca sanitária em Lisboa” . Alerta também, para a possibilidade de recuos significativos que podem comprometer a época de veraneio que se aproxima.
Lei das Letras Miudinhas foi alvo de análise por parte de Mário Frota
Por último, Mário Frota esclareceu algumas dúvidas sobre a Lei das Letras Miudinhas que entretanto foi atualizada pelo parlamento. Segundo o Presidente da APDC “nos denominados contratos de adesão, os consumidores não tinham hipótese de influenciar o conteúdo do contrato” . O dirigente acrescenta que “a posição magestática das empresas levava-as a que o consumidor ficasse privado dos produtos e serviços que tinham no mercado se não concordassem com o conteúdo do contrato”. A recente atualização do parlamento prevê que “todas as cláusulas abusivas devem ser tiradas de todos os contratos”. No entanto, existem exceções, como por exemplo entre a entidade empregadora e o trabalhador. Para Mário Frota, não deveriam existir exceções que possam beneficiar uns e desvalorizar outros.
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