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UM PROGRAMA DE:
Isabel Simões“estar presente”, livro de poesia de Carlos Brito foi apresentado na última sexta-feira dia 17 de fevereiro na Casa Municipal da Cultura em Coimbra.
Aos 90 anos o escritor apresenta-nos uma obra “de chegada e de partida” em que o autor “toca o quotidiano para o interrogar”, afirmou na apresentação José Manuel Mendes, também ele escritor e companheiro em tantos momentos na Assembleia da República, onde Carlos Brito foi deputado na Constituinte e noutras legislaturas em que liderou a bancada do PCP.
Carlos Brito autossuspendeu-se do PCP depois do partido o ter sancionado em 2002. No Estado Novo foi perseguido e preso três vezes. Passou pelas cadeias do Aljube, Caxias e Peniche, onde foi torturado. Ao todo foram oito anos de prisão. Em 1966 foi libertado e passou à clandestinidade. José Manuel Mendes, contou como o percurso como escritor do autor é “congruente”.
“Estar presente é responder a uma chamada, a um apelo” , uma “resposta que encontramos em sete cadernos ou pequenos livros” que constituem a obra. Dá “uma significativa recolha de escritos poéticos através do tempo”, afirmou José Manuel Mendes, adiantando que o livro abre com um texto “que exprime a razão do título” do livro e que leu.
Estar presente
o lema que adoptei
depois de ausente
nesta fase da idade
Não me basta assistir
mas intervir
como posso e sei
na actualidade
O autor nasceu em Moçambique e aos três anos de idade veio para Alcoutim, onde mora e de onde da varanda da casa vê o rio Guadiana. No passado recente passou um tempo largo no hospital. A poesia fez-lhe companhia. Foi invocando um outro poeta Alexandre O’ Neill que agraciou a assistência.
“Conforme a vida que se tem, assim o verso vem”
Afirmando-se como “um revolucionário poeta”, Carlos Brito contou como a escrita, e em especial a poesia, nasceu cedo com “poemas juvenis” e fez parte da vida política e dos momentos em que esteve preso e na clandestinidade. Combinou, na medida do possível, o lado revolucionário “com a vontade de versejar”, disse.
No dia 11 de fevereiro o Município de Alcoutim prestou homenagem a Carlos Brito. Segundo o editor Adelino Castro da Lápis de Memórias, a autarquia vai dar o nome do autor à Biblioteca Municipal.