José Belo: “A generosidade dos sócios aumenta a responsabilidade”

“Tenho lidado com os sócios há 40 ou 50 anos e sei que são muito generosos. Só se pode compreender esta decisão à luz dessa generosidade. No fundo, todos nós, como académicos, também temos os nossos pecados. Às vezes, a Académica merecia mais de nós.” – Contou José Belo à RUC.

Para o ex-jogador da Académica, é precisamente este tipo de momentos que estimula o envolvimento que a instituição tanto merece. Mas a unanimidade e aclamação não é, para ele, um sinal de conforto — pelo contrário. “Aumenta a responsabilidade”.

Questionado sobre as primeiras medidas que pretende implementar, José Belo apontou a criação de um “compromisso de solidariedade”, com regras simples que promovam a participação ativa dos sócios. “Temos de aceitar as diferenças — é importante. A coesão nasce da diferença. É isso que permitirá mobilizar todos em torno de um objetivo comum: a Académica.”

A assembleia decorreu de forma consensual, com apenas alguns votos contra. Para José Belo, isso é natural — e desejável.  No entanto, ressalvou ser “bom que haja vozes dissonantes” porque uma instituição também se mede por isso. No seu entendimento, deve haver quem interpele, “a nós próprios e às instituições que servimos”. Só assim podemos evoluir” – foram palavras proferidas aos microfones da RUC pelo antigo jogador da Académica.

Apesar de reconhecer que a Briosa atravessa um período desafiante — “não está nos cuidados intensivos, mas já lá andou” —, José Belo recusa fatalismos. “Temos de respirar, levantar a cabeça e definir um caminho realista, que tenha em conta as exigências do futebol atual. O futebol de hoje é um negócio e precisamos de adaptar o nosso modelo social e desportivo à nova realidade”, concluiu.

Fotografia: Rui Rodrigues