Cu.Co: Festival de Jornalismo Cultural de Coimbra encerra com promessa de voltar no próximo ano
Há quem vá regressar para levar o próximo Jazz ao Centro a toda a Europa, quem tenha dado oportunidade a músicos de aparecerem numa rádio nacional e quem prometa um artigo de jornal num próximo trabalho.
Juntar quem faz chegar ao público o que acontece no campo da cultura em Coimbra mostrou-se importante e com resultados.
Sendo certo que redações depauperadas de meios remetem jornalismo cultural para as calendas gregas, a verdade é que há vontade de conhecer o que se faz no território para além dos grandes centros de Lisboa e Porto.
A materialização desse desiderato passa pela continuidade dos encontros e o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, no encerramento da Iniciativa, prometeu continuidade.
Impacto Cultural de Coimbra
Bega Villalobos da (In&OutJAZZ) pôde constatar “a riqueza que há em Coimbra”. Não só a riqueza cultural mas também o património histórico e arquitetónico.
A jornalista espanhola vai voltar para fazer cobertura do Jazz ao Centro. Como diretora e editora de uma revista de jazz na rota da comunidade jazzística da Europa, espera que a sua presença contribua para levar os Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra ao espaço europeu.
Filipa Teixeira, jornalista ’freelancer’, ficou satisfeita por “ter encontrado uma cidade dinâmica”. Uma cidade cujos projetos culturais abrangem várias áreas desde Teatro, Música, Artes Plásticas e que “aproveita todo o legado cultural histórico, mas que não fica presa nesse passado”.
“Coimbra pode ser relevante no presente e no futuro” – constatou a jornalista que podemos ler no Observador ou na Sábado. “Acho que uma cidade é mais forte quando as vozes se combinam e obviamente, cada um trabalhando na sua área”, disse.
Havendo coisas que a jornalista vai levar de imediato, outras há que ficam para futuro como voltar para fazer um raio-x da dinâmica cultural da cidade. Segundo Filipa Teixeira “não falta material para analisar e para publicar”.
Por outro lado, quando no futuro alguém falar em Coimbra, Filipa Teixeira vai ter uma noção exata a que porta pode bater.
“Já falei para todo mundo que já não sou mais um turista” contou à RUC o jornalista brasileiro, Adailton Moura da (RAPresentando). Considerando a cidade “incrível” e que a cultura de Coimbra tem “uma movimentação muito grande”, por trazer pessoas “a conviver cultura e a vivenciá-la”.
Natural de um país que é continental, leva consigo a experiência de uma cidade média. Aprendeu aqui que “é necessário fomentar a cultura onde se vive”, fazê-la crescer para ser forte e vivida para os que estão de passagem mas também para os amigos e os que nela vivem.
A longevidade do Jazz Ao Centro (22 edições) e o Salão Brazil encantaram Adailton Moura. Muitos artistas brasileiros já passaram no Salão do Largo do Poço. No Brasil apresentam-se em casas maiores e “ali é uma casa menor, mais intimista e mais gostoso, porque se fica mais próximo ao artista”, enfatizou.
“Acho que aqui descobri coisas que não conhecia de facto”, afirmou Pedro Dias de Almeida, editor da secção de Cultura na revista Visão, dando como exemplo as companhias de teatro que considerou “com muita vitalidade”.
Um dos projetos a chamar a atenção do editor da revista semanal foi a Marionet, uma companhia de teatro “muito interessante pelo seu caráter único”. Pois é a única companhia a fazer a ligação entre Teatro e Ciência.
Para Pedro Dias de Almeida, também a Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra “tem imenso potencial” e merecia mais espaço na comunicação social. Há “muitas coisas boas que se fazem do rio Minho ao Algarve e os meios de informação em geral não conseguem chegar lá”, lembra.
Ficam por contar “coisas que têm imenso interesse, que têm história por trás, que devem ter mais projeção”, mas, muitas vezes, “os meios nacionais não têm o espaço e as equipas suficientes para isso”, lamenta.
Ricardo Farinha menciona que os desafios do jornalismo cultural de hoje ou do próprio setor da cultura têm muito em comum. O redator freelancer realça a importância de ter tido acesso ao que se faz numa cidade como Coimbra, que está fora do mapa mediático nacional.
“Demasiado fora para a dimensão, a importância histórica e para a quantidade de coisas que se fazem aqui”, esclareceu. “Não estamos a falar de uma pequena terra com um festival por ano ou com pouca atividade cultural”, diz.
A presença no Cu.co permitiu uma perspetiva diferente do panorama cultural. Conhecer pessoas, falar com elas, descobrir o trabalho que fazem e “ficar com conhecimento em primeira mão”, para Ricardo Farinha faz todo o sentido.
Curador do Cu.Co satisfeito com continuidade do projeto
“Eu sou um agente provocador, sou a faísca que provoca a explosão, eu não sou a explosão”, exclama Rui Miguel Abreu, curador do festival.
Para o radialista e diretor do Rimas e Batidas, todos os convidados “deram o seu melhor”. Houve diálogo entre quem foi convidado vindo de fora e a comunidade de media locais. “As conversas não foram estéreis, muito pelo contrário, foram superprodutivas”, declarou.
“Houve almoços em que fora das mesas de debate as pessoas puderam criar empatia e linhas de comunicação”, razões para “estar satisfeito” no final desta aventura de cinco dias.
De 4 a 8 de setembro, órgãos de comunicação social nacionais e internacionais juntaram-se ao ecossistema cultural e artístico de Coimbra para refletir sobre como “dar visibilidade” à programação cultural regional. O festival encerrou no último domingo com um DJ Set de Pedro Dias de Almeida e um showcase de Stereossauro com o guitarrista Ricardo Gordo no Café Concerto do Convento São Francisco.
Durante a semana os especialistas estiveram à conversa com estruturas como A Escola da Noite, a Blue House, o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, os Encontros de Fotografia (Centro de Artes Visuais), o Jazz ao Centro Clube, a Marionet, O Teatrão, Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) e elementos da Roda Ao Centro.
O Diário de Coimbra e a Rádio Universidade de Coimbra participaram na iniciativa.
Fotografia: Câmara Municipal de Coimbra