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08.08.2022POR Informação RUC

Habitantes “do Kuarenta” criam angariação de fundos para adquirir imóvel e evitar que a república feche

A República do Kuarenta está a realizar uma campanha de angariação de fundos, para comprar o imóvel em que funciona. Uma intenção que surge em resposta ao Novo Regime de Arrendamento Urbano, que, segundo os repúblicos, ameaça a sobrevivência “do Kuarenta”.

Com a entrada em vigor do Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) em Portugal, em 2012, o mercado de habitação alterou-se e as rendas antigas passaram a poder ser atualizadas. Em declarações à RUC, Joana Coelho, habitante da República do Kuarenta, revelou que, em 2014, a senhoria tentou aumentar a renda, mas os estudantes conseguiram atrasar o processo durante dez anos. Porém, a partir de 2024, o contrato de arrendamento da república passará a estar abrangido pela nova lei, que prevê aumentos de renda “sem limite”. Por isso, os habitantes “do Kuarenta” criaram uma campanha de angariação de fundos, na plataforma GoFundMe, para tentar adquirir o imóvel onde vivem, antes que as rendas sejam atualizadas para valores que não consigam suportar, explica a estudante.

Mariana Costa, também ela residente da República do Kuarenta, assinala que têm sido feitas tentativas de contacto com a agência imobiliária que representa a senhoria, para negociar a aquisição do imóvel, mas quase sempre sem obter resposta. Os repúblicos receiam que os entraves que se têm verificado na comunicação possam ser indício de uma tentativa de arrastar o processo até 2024, para aumentar a renda e não permitir, desta forma, que “o Kuarenta” tenha continuidade.

Mariana Costa considera que o NRAU é uma ameaça à sobrevivência das várias repúblicas de Coimbra. Neste sentido, menciona que a campanha de angariação tem como objetivo não só angariar fundos para preservar “o Kuarenta”, mas também alertar para os problemas que as repúblicas estão a enfrentar com a entrada em vigor da nova legislação.

Para além da angariação de fundos, estão pensadas reuniões com o vice-reitor da Universidade de Coimbra (UC), com a Câmara Municipal e com a Junta de Freguesia, de forma a conseguir outros apoios, que permitam a aquisição do imóvel que alberga a República do Kuarenta, afirma Joana Coelho.

De momento, as reuniões com as várias instituições ainda não estão marcadas. Segundo Joana Coelho, “o Kuarenta” está a ter dificuldades em contactá-las durante o verão. Além disso, a estudante admite que, na última reunião, notou pouca disponibilidade por parte da Câmara para discutir obras no imóvel. Joana Coelho espera que, desta vez, os repúblicos consigam “chegar ao coração” dos decisores políticos da cidade.

(Fotografia: República do Kuarenta)

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