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Cultural vê “declaração de interesses ou desfasamento da realidade académica” em “declarações deploráveis” de Amílcar Falcão

César Sousa, secretário-geral do Conselho Cultural da Associação Académica de Coimbra, deixou duras críticas ao reitor da Universidade de Coimbra. As declarações de Amílcar Falcão em relação à falta de espaços das secções culturais são um dos principais motivos de indignação.

A entrevista concedida à RUC pelo reitor Amílcar Falcão na passada sexta-feira, dia 15, tem levantado indignação por parte de muitos setores da academia coimbrã. O Conselho Cultural da Associação Académica de Coimbra (CC/AAC), representado pelo seu secretário-geral, César Sousa, não se resignou e esteve em conversa com a Rádio Universidade de Coimbra para explicar o porquê da sua insatisfação.

“Estas obras só vão acontecer porque o reitor confundiu irreverência com parvoíce”

Tendo sido um dos primeiros temas a ser colocados em cima da mesa, as obras no edifício da AAC são, para Amílcar Falcão, um ponto positivo. De acordo com o reitor, este processo deve servir o bem estar dos estudantes ao mesmo tempo que é olhado como uma oportunidade.

César Sousa critica a postura de Amílcar Falcão, que não deve “retirar louros” da intervenção programada, e lembra que estas só vão acontecer graças à intervenção estudantil.

“A secção de fado tem vindo a perder espaços sucessivamente”

No decorrer do espaço de comentário do Observatório no qual Amílcar Falcão marcou presença, uma das questões que também surgiu foi a da falta de espaços das secções culturais da AAC, tomando por exemplo a Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC). Na entrevista, Amílcar Falcão considerava que esta era uma das secções com menos razão de queixa.

O secretário-geral do CC/AAC acaba por desmentir o reitor, acrescentando que o caso da Casa das Caldeiras não estava relacionado com os trabalhos da secção, apesar do concessionário já ter permitido que os grupos ensaiem no espaço.

Durante a passada semana, também Emanuel Nogueira, antigo presidente e atual associado ativo da SF/AAC, teve a oportunidade de se pronunciar sobre o assunto. O ex-dirigente corrobora a versão de César Sousa e acusa o reitor de mentir.

O associado seccionista aponta que a quantidade de espaços de que dispõe a Secção de Fado deve ser proporcional às suas necessidades, referindo que nem todas os organismos da Associação Académica precisam dos mesmos espaços. Deste modo, Emanuel Nogueira refere que, se o reitor tivesse razão, os grupos da SF/AAC não teriam de estar sempre em busca de espaços fora do edifício.

“Há espaços que podem ser (re)afetados pela Associação Académica de Coimbra”

Para resolver a problemática da falta de espaços de que sofrem as secções da AAC, os estudantes têm defendido que a cedência de uma série de edifícios devolutos da Universidade de Coimbra poderia resolver no problema. No entanto, Amílcar Falcão explicou à Rádio Universidade de Coimbra que “não temos assim tantos edifícios devolutos como possam pensar”.

Mais uma vez, César Sousa contradiz o reitor e enumera alguns dos espaços de que as secções se poderiam servir.

O secretário-geral do Conselho Cultural da Associação Académica de Coimbra menciona também que a falta de espaços acaba por ser ainda mais limitativo porque, para além de dificultar o trabalho às secções existentes, impossibilita o nascimento de novos projetos.

“Estamos num estado de total ausência de democracia na gestão dos espaços universitários”

O afastamento entre o Teatro Académico de Gil Vicente e a comunidade estudantil é outro dos assuntos que, de entre as declarações do reitor, César Sousa acaba por comentar. Em entrevista à RUC, Amílcar Falcão havia dito que estava a fazer um esforço de reaproximação entre o teatro e a Associação Académica de Coimbra.

Apesar do positivismo do reitor, o representante do Conselho Cultural recua no tempo e relembra o caminho anti-democrático que foi traçado ao longo do tempo para que os espaços universitários (tal como o TAGV) se tenham distanciado da comunidade académica.

CC/AAC só vê duas interpretações possíveis: “uma declaração de interesses muito claros com que não podemos ser coniventes ou anuentes” ou “total desconhecimento da realidade da UC”

Em suma, o associado entende nas declarações do reitor duas possíveis significações (embora, no seu entender, sejam ambas preocupantes).

Para ouvir a entrevista completa a César Sousa pode consultar o link acima ou o nosso Spotify.

 

(Fotografia: Secção de Fotografia da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC))

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