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14.07.2021POR Ana Rita Baptista

Catarina Resende de Oliveira: “As alterações climáticas vão trazer pandemias no futuro”

Catarina Resende de Oliveira esteve no Observatório a comentar as dúvidas em torno da pandemia da Covid-19, bem como os seus impactos, a situação precária dos investigadores em Portugal e as doenças degenerativas.

O espaço de comentário do Observatório desta quarta-feira, dia 14, esteve a cargo de Catarina Resende de Oliveira, médica neurologista, investigadora e ex-presidente do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) que se tem dedicado a estudar os processos que provocam a degenerescência neurológica responsável por doenças como o Alzheimer e a doença de Parkinson.

A pandemia mostrou que a ciência tem uma enorme capacidade de se adaptar e de forma rápida”

A investigadora apontou aqueles que considera serem dois efeitos da pandemia na ciência. Um destes efeitos, negativo, é falta de contacto entre investigadores e de “cruzamento de diferentes gerações de profissionais em laboratório”. Este encontro gerava a interação e partilha de conhecimentos e com a pandemia ficou condicionado. Catarina Resende de Oliveira destaca também que a pandemia revelou “a capacidade que a ciência tem em se adaptar” e também a “capacidade de rápida resposta aos desafios que lhe são impostos”, como foi o caso do vírus SARS-CoV-2.

O desconhecimento dos factos leva a imaginar-se tudo o que seja passível de justificar o que está a acontecer [a pandemia]”

Quanto aos medos em relação à pandemia, ao seu surgimento e também à segurança das vacinas, a cientista compreende as desconfianças que as pessoas possam ter. Assim, afirma ser “normal” que se procurem respostas para problemas desconhecidos e que para isto a imaginação torna-se “fértil” em busca de justificações para o que se está a viver. Em relação à vacinação Catarina Resende de Oliveira ressalta que “cada pessoa tem o direito e a liberdade de escolher o que quer”, mas frisa que na tomada de decisão (tomar ou não a vacina) “é importante que o cidadão pense não só em si mas nos que o rodeiam, pois trata-se de uma questão de saúde pública”.

O isolamento leva a uma deterioração mais rápida das capacidades cognitivas dos idosos”

No que toca as doenças degenerativas, como o Alzheimer, a especialista alertou para o impacto do envelhecimento no agravar desta doença. Outro dos impactos nas doenças de foro mental está o isolamento a que os idosos ficaram mais sujeitos devido à Covid-19, a investigadora aponta a inatividade como um “grande risco tanto a nível cognitivo como físico”, visto haver uma deterioração de capacidades.

No que toca ao futuro, Catarina Resende de Oliveira, considera que é necessário que as sociedades se habituem à ideia de haver mais pandemias e “que aprendam a lidar com elas no futuro”. Destacando que teme que as próximas pandemias se devam ao problema das alteração climáticas.

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