João Frazão: “Não basta vontade. São precisos apoios”
A aventura do basquetebol da Académica em revista numa entrevista a João Frazão, presidente da Secção de Basquetebol da Associação Académica de Coimbra.
O final do mês de abril prometia ser decisivo para a Secção de Basquetebol da Associação Académica de Coimbra (SB/AAC). Menos de um ano depois do regresso da equipa de Coimbra ao primeiro escalão do basquetebol nacional o coletivo treinado por Ivo Rego carimbou a permanência no principal escalão do basquetebol nacional. A vitima foi o Galitos Barreiro numa série de três jogos onde a Académica não deu qualquer tipo de hipótese (3-0). Numa altura de balanço a RUC conversou com João Frazão, presidente da SB/AAC.
Depois da descida ao inferno provocada pelas dividas e pela má gestão de anteriores direções da Secção, o basquetebol da Académica tem recuperado lentamente o seu lugar no centro do Basquetebol nacional. João Frazão admite mesmo que a temporada de regresso ao primeiro escalão foi uma “aventura”. Nesse sentido, o objetivo para a época de regresso era simples: a manutenção. Num ano atípico e sem adeptos nos pavilhões, João Frazão não esconde que sempre teve o desejo de voltar a ter adeptos nos jogos da Académica em jogos de primeira divisão. A pandemia teve outras ideias e o sonho ficou adiado para a próxima temporada, algo que motiva toda a secção, admite João Frazão.
O amargo de boca foi curto, afirma João Frazão
Relativamente à temporada em si, o presidente da secção lembrou o percurso ascendente de uma equipa que entrou em falso no campeonato com cinco derrotas. A resposta foi forte e a dada altura sonhou-se com o playoff no seio da estrutura academista. O “amargo de boca” de falhar os primeiros oito lugares do campeonato passou rapidamente, afirma João Frazão. Algumas derrotas na reta final da fase regular foram ditadas na perspetiva de João Frazão por alguma “inexperiência” que influenciaram vários jogos que podiam ter caído para o lado academista. No final, tudo correu bem e a Académica garantiu a permanência em três jogos frente ao Galitos Barreiro, falhando o playoff de campeão. O presidente da Secção recorda, no entanto, que as aspirações da turma de Coimbra foram sempre as mesmas: a permanência no primeiro escalão do basquetebol português. Dessa forma, o resumo da época tem de ser positivo, afirma João Frazão.
Continuação de Ivo Rego não está em causa
Questionado sobre a continuação de Ivo Rego à frente dos destinos da equipa técnica João Frazão foi categórico: “a direção vai reunir, mas não está em causa a permanência de Ivo Rego”. Relativamente ao plantel, há boas notícias: “Vamos finalmente preparar uma temporada com tempo”, afirma o presidente da secção.
O dinheiro não cresce das árvores
No que toca a objetivos João Frazão deixou um desafio às instituições da cidade: “Não gosto de estar sentado. Os objetivos da equipa serão aquilo que os adeptos quiserem e quando falo de adeptos falo da cidade, falo das empresas, das instituições, da própria Direção Geral e do Conselho Desportivo.” Ou seja, é preciso apoios, reitera João Frazão. O presidente da SB/AAC lembra que o “dinheiro não cresce das árvores” e nesse sentido são precisos mais apoios para que o desporto da Académica possa competir com as restantes equipas. Não “basta vontade” lembra João Frazão, até porque os “jogadores de qualidade custam dinheiro”, relembra o presidente da secção. Relativamente às diferenças para outros clubes, João Frazão é frontal: “Há uma luta desigual da Académica” em relação aos outros clubes do basquetebol português. Nesse sentido, almejar uma presença no playoff terá de ser acompanhada por um reforço dos apoios à secção.
A temporada acabou no pavilhão do Olivais FC
A Académica foi obrigada a disputar a parte final da temporada em casa emprestada. Porquê? Por causa da ampliação do Centro de Vacinação de Coimbra no Pavilhão Mário Mexia que passou a ocupar todo o espaço do pavilhão. A solução passou pelo pavilhão Eng. Augusto Correia, propriedade do eterno rival da Académica, o Olivais Futebol Clube. João Frazão agradeceu à direção do Olivais e esclareceu a escolha: “os restantes pavilhões (Universitário e Jorge Anjinho) não têm condições para ser homologados”. Ou seja, dos principais pavilhões de Coimbra apenas dois têm condições para provas profissionais. Faltaram os tais apoios? Fica a questão.
A entrevista pode ser escutada no nosso serviço de podcast ou então no Spotify da Rádio Universidade de Coimbra.