Coimbra quer ser mais “inteligente e sustentável” com a ajuda da Critical Software
A Critical Software propôs à Câmara Municipal de Coimbra (CMC) um protocolo de colaboração tendo em vista a adesão do Município à comunidade ‘The Things Network (TTN) Coimbra. O convite foi hoje aceite por unanimidade de toda a vereação.
A autarquia criou o Centro de Inteligência de Coimbra, como unidade orgânica da Divisão de Modernização Administrativa do Departamento de Sistemas de Informação e Inovação para desenvolver estas matérias e definir a estratégia municipal para a internet das coisas.
A vereadora Regina Bento, eleita pelo PS, informou a Câmara que a aceitação da proposta vai permitir desenvolver iniciativas em diferentes áreas: saúde , alterações climáticas, a estratégia local de habitação e a mobilidade urbana, são algumas delas. No final confirmou à RUC o que se pretende com o protocolo.
O acordo com a empresa de Coimbra vai permitir instalar sensores em vários pontos críticos do concelho para que em tempo real se possam prever resultados e realizar simulações. A rede a instalar permitirá a recolha de dados importantes para a tomada de decisão de políticas públicas municipais. À RUC a vereadora deu exemplos do que pode melhorar na qualidade de vida dos cidadãos.
O suporte é garantido em Coimbra pelo Laboratório de Inovaçãoda da Crítical Software– Fikalab. Regina Bento revelou que o laboratório vai lançar no início de maio um concurso de ideias tendo em vista a criação de uma ‘Smart City’(cidade inteligente).
Contributos dos vereadores para a discussão
Vereadores de outras bancadas saudaram e aprovaram a proposta mas quiseram dar alguns contributos. Foi o caso da vereadora independente Paula Pêgo que saudou a iniciativa mas deixou um alerta. A vereadora informou que quem já faz a avaliação das ‘Smart City’ chegou à conclusão que também podem ser fator de exclusão. Hoje no Canadá pensam-se as cidades para acolher pessoas dos oito aos oitenta anos de idade, informou.
Regina Bento procurou tranquilizar a vereadora e parafraseou Manuel Machado que tem por hábito afirmar querer “uma cidade inclusiva para os jovens de todas as idades”.
Já Madalena Abreu realçou a importância da iniciativa e lembrou que “no século XXI este tipo de questões é fundamental”. A vereadora do PSD invocou ter levantado algumas vezes a questão da desmaterialização dos processos camarários para prover a diminuição da burocracia na autarquia. Lembrou ainda que, “o facto de não terem existido reuniões por videoconferência”, durante os confinamentos obrigatórios, a fez sentir-se prejudicada.
José Manuel Silva do movimento Somos Coimbra (SC) realçou que “o futuro passa por uma gestão inteligente das cidades” e leu uma parte do programa de candidatura do SC de 2013 em que se propunha que Coimbra fosse uma ‘Open city’.
O vice-presidente da CMC, Carlos Cidade, não resistiu a comentar a leitura do opositor e mimou o adversário com a frase “o povo ficou tão desconfiado que não votou em vocês há quatro anos”.
A concluir o debate, Regina Bento informou que o próprio Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem programas para a digitalização e que as Nações Unidas propõem como Objectivo de Desenvolvimento Sustentável do Milénio a construção de comunidades e cidades sustentáveis.
Alguns pontos protocolados
De acordo com nota de imprensa da CMC o acordo prevê várias ações de colaboração e obrigações para ambas as partes. O primeiro passo vai estar por conta da Critical Software que disponibilizará uma gateway LoRaWAN, em regime de comodato, à autarquia. O Município vai usar o equipamento nas suas instalações, com fornecimento de acesso à Internet e tem de permitir o uso comunitário de acordo com o previsto na TTN.
A comunidade TTN Coimbra conta, na atualidade, com 11 gateways, e com parceiros como a Universidade de Coimbra pela mão do Centro de Ecologia Funcional e do Instituto de Sistemas e Robótica. O Instituto Politécnico de Coimbra, também colabora nesta rede através do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra e da Escola Superior Agrária de Coimbra.
As duas entidades vão, ainda, definir e calendarizar atividades conjuntas no âmbito desta iniciativa, quer sob a forma de projetos, estágios, oficinas e concursos. Cabe à autarquia indicar e disponibilizar outros locais, com acesso à Internet, para a instalação de novas gateways LoRaWAN.
Em Portugal, esta rede inclui 24 comunidades e 97 gateways, distribuídos por 25 cidades ou regiões. No mundo a TTN está presente em 151 países.