AUTOR: Isabel Simões

DATA: 27.12.2023

DURAÇÃO: ...

De acordo com a Agência Lusa, os portugueses gastam cada vez mais dinheiro em livros.

Um estudo da APEL – a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, ressalva que muitas dessas compras são feitas na época do Natal para oferecer e podem não significar mais leituras.

O valor gasto em livros tem vindo a aumentar nos últimos anos: Em 2022 terá rondado os 210 milhões de euros e este ano prevê-se um novo crescimento, agora a rondar os 6% e os 7%. Os dados foram revelados a semana passada  por Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.

“62% dos portugueses compraram livros no último ano”, de 2022, disse Pedro Sobral, durante o I Encontro d’ “O Plano Nacional de Leitura no Ensino Superior”, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, terça-feira, dia 19 de dezembro.

O presidente da APEL alertou para o facto do crescimento poder não ser sinónimo de mais livros lidos, uma vez que um outro estudo, realizado em 2021 para a Fundação Calouste Gulbenkian, dava conta de que 61% dos portugueses não leem livros.

Locução de Lexi Narovatkin e técnica de Pedro Oliveira

Para o presidente da APEL, “não é assim tão absurdo” estas duas ideias não serem contraditórias, uma vez que muitos dos livros são comprados na época do Natal e são para oferecer.

Em 2019, por exemplo, 67% das compras foram feitas entre setembro e dezembro, ou seja, “na época de Natal”, acrescentou.

As zonas onde mais se nota uma diminuição de compra de livros é a região do grande Porto, no litoral e no interior, lembrou Pedro Sobral, sublinhando que a compra de livros não leva obrigatoriamente a maiores hábitos de leitura.

No encontro da Gulbenkian também foram apresentadas as conclusões do primeiro “Inquérito aos Hábitos de Leitura dos Estudantes do 1.º Ciclo do Ensino Superior”, que tentou caracterizar os hábitos de leitura, perceções e motivações dos estudantes.

Segundo esse estudo, os estudantes do ensino superior preferem ler em formato digital e leem mais textos ‘online’ em redes sociais do que nos ‘sites’ noticiosos, segundo um estudo piloto apresentado.

Uma equipa de investigadores levou a cabo um projeto que pretendia conhecer os “Hábitos de Leitura dos Estudantes do Ensino Superior”, mas num universo de quase 180 mil alunos de universidades e institutos politécnicos portugueses, responderam apenas 1.982 estudantes de nove universidades.

Apesar de não se poder extrapolar, mais de 90% dos inquiridos disseram ter hábitos de leitura sem fins académicos, lendo livros, jornais, revistas ou textos ‘online’.

É nas redes sociais que os alunos mais procuram textos ‘online’ para ler (81%) mas também procuram informação em sites noticiosos (78%).

Entre as redes sociais, o estudo aponta o Instagram como a mais procurada (82%), seguindo-se o X (ex-Twitter) e o Facebook, informou a diretora-geral da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência.

Metade dos alunos disse ler jornais, mas os sinais dos tempos mostram que a maioria (61%) já prefere o formato digital e apenas 7% ainda prefere o papel.

A apresentação do estudo contou com a presença da comissária do Plano Nacional de Leitura, Regina Duarte, do secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, e da coordenadora do estudo e professora da Universidade de Coimbra, Cristina Robalo, que também criticou a falta de dedicação das Instituições de Ensino Superior no projeto, salientando apenas “honrosas exceções”.

Além do pouco interesse mostrado pelas Instituições do Ensino Superior, Cristina Robalo apontou também os efeitos da pandemia e o tema do inquérito – focado nos “hábitos de leitura” – como motivos para dificultar a recolha de dados.

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