Livros Para Que Vos Quero
A RUC vai conversar com quem escreve, quem edita, quem vende e com quem lê.
A palavra escrita, à solta em 107.9 e em ruc.pt.
UM PROGRAMA DE:
Isabel Simões“Da incerteza como princípio: jornalismo, democracia, decadência da verdade”, de João Figueira foi apresentado no Liquidâmbar, na quinta-feira, dia 19 de outubro. O livro, editado pela LabCom da Universidade da Beira Interior, teve o apoio do CEIS20 da Universidade de Coimbra.
A sessão foi moderada por Inês Amaral, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), e contou ainda com as participações da professora e subdiretora da FLUC, Ana Teresa Peixinho, e dos jornalistas Miguel Carvalho e Pedro Crisóstomo. À RUC, o autor falou sobre as inquietações do jornalismo de hoje e do futuro, de que o livro também fala.
Para João Figueira é necessário “uma informação que tem de ser contextualizada que não pode ser feita ao segundo e não pode ser feita apressadamente”. “Vivemos tempos e em sociedades complexas e a informação tem de refletir essa complexidade”, disse.
Para o também professor na FLUC, outra das inquietações do jornalismo do nosso tempo passa por “um certo endeusamento da tecnologia”. Para o autor, o impacto da Inteligência Artificial, na alteração das rotinas, devia ser discutido nas redações dos órgãos de comunicação social.
“Quando o jornalismo não precisar de recursos humanos, deixa de fazer parte das ciências sociais e humanas para passar a fazer parte das ciências computacionais”, é outra das preocupações de João Figueira. Nessa altura “estaremos a falar de uma coisa completamente diferente”, alertou.
Quanto ao Ensino do Jornalismo, João Figueira receia que algum ensino vá “atrás do entusiasmo tecnológico empresarial” e pense que tudo se resolve com instrumentos tecnológicos.
Apesar de considerar as ferramentas como “ótimas e em permanente mutação”, para o professor da FLUC, “o disco rígido mais precioso dum jornalista é a sua cabeça”. João Figueira adianta a perspetiva que tem sobre o ensino do jornalismo. O autor conta-nos uma pequena história da ditadura brasileira que confirma a importância de ensinar os candidatos a jornalistas a pensar.
O Estado Novo brasileiro e o Estado Novo português mereceram uma sabática de João Figueira como professor. A próxima obra vai debruçar-se sobre as duas realidades.
A sessão de apresentação do livro “Da incerteza como princípio: jornalismo, democracia, decadência da verdade”, foi integrada no programa de comemorações dos 30 anos da licenciatura em Jornalismo da Universidade de Coimbra.
João Figueira, professor de jornalismo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra é autor de bibliografia nas áreas do Jornalismo e da Comunicação. Em 2006 abraçou em exclusivo a vida académica. Antes, o autor foi jornalista durante mais de 20 anos, quase sempre ao serviço do Diário de Notícias.
A rubrica contou com locução de Lexi Narovatkin e técnica de Pedro Oliveira.