AUTOR: Isabel Simões

DATA: 03.04.2024

DURAÇÃO: ...

O livro «Cartas de Guerra, Aerograma Liberdade e um Glossário» de Ricardo Correia foi apresentado dia 27 de março, Dia Mundial do Teatro, no Centro Cultural Penedo da Saudade.

Textos criados e encenados pelo ator e encenador, Ricardo Correia, estão contidos no livro concebido para a Casa da Esquina. O historiador, Rui Bebiano, colaborou no glossário que contém cerca de 115 entradas que contextualizam a dramaturgia.

Passar a peça de teatro a livro é “uma forma de devolver ao arquivo o espetáculo” e fazê-lo “existir ainda, em papel, para poder circular”, contou à RUC Ricardo Correia

Constituída por um lado A com a dramaturgia e um lado B com o Glossário que o historiador Rui Bebiano ajudou a escrever, a obra estreou em Estarreja.

Filho de pai mobilizado para a guerra colonial em 1972, o criador pretendeu romper o silêncio vivido em casa, silêncio que também existe “no espaço público”-

A preparação para o espetáculo que virou livro passou por muitas leituras e entrevistas. Em destaque a contribuição do trabalho de Joana Pontes sobre os aerogramas. O Glossário contém mais de dez dezenas de entradas. Rui Bebiano contou na sessão de apresentação a ideia inicial.

Com o glossário ficam ideias para as pessoas criarem dúvidas. As entradas tentam adaptar-se às pessoas que leem, adiantou o também ex-diretor do Centro de Documentação 25 de Abril.

Coimbra é uma das entradas, a cidade é vista no plano subjetivo. A entrada realça a importância da crise estudantil para a revolução de 1974.

Rui Bebiano lembrou como à medida que o tempo vai passando, as camadas do esquecimento são cada vez maiores. A obra ajuda as novas gerações a compreenderem um tempo que não viveram e que desembocou na revolução de 25 de Abril de 1974.

«Cartas de Guerra, Aerograma Liberdade e um Glossário» foi publicada pelas Edições Húmus e está à venda nas livrarias. O espetáculo vai voltar a ser representado em Barcelos no Theatro Gil Vicente no dia 19 de abril.

Em Portugal, o aerograma foi muito usado durante a Guerra Colonial como meio de comunicação entre famílias e soldados que combatiam. Da cor azul, ao serem enviados da Metrópole para as tropas destacadas em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, assumiam o amarelo quando enviados pelos soldados para famílias, namoradas e madrinhas de guerra.

Sonoplastia de TiagoGama, técnica de Pedro Oliveira e locução de Lexi Narovatkin