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Há Vida(s) Nesta Cidade!
sábados (14h00)
A ditadura da actualidade deixa para trás histórias de vida(s) de pessoas e instituições. A Rádio também se faz de pequenos momentos de intimidade em que as almas se abrem aos outros. Há Vida(s) Nesta Cidade propõe-se dar a conhecer gente que não pisa a ribalta da “espuma dos dias”.
UM PROGRAMA DE:
Isabel Simões
Laboratório MAREFOZ celebrou nono aniversário, dia 30 de janeiro, com mesa-redonda intitulada “Ordenamento Costeiro- realidades e necessidades do Litoral Centro de Portugal”. Fundado em 2016 pela Universidade de Coimbra (UC) e instalado na Incubadora Mar e Indústria, o laboratório faz parte do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e conta com mais de 140 parceiros, entre eles o Município da Figueira da Foz.
Pela instituição já passaram mais de 160 pessoas, 60% residentes na autarquia figueirense. Para além dos projetos de investigação, o MAREFOZ desenvolveu 850 atividades com a comunidade, 82% delas com as escolas.
No debate marcaram presença quatro convidados, de diversas áreas de atuação: João Martins, do Departamento de Ordenamento da autarquia figueirense; Nuno Pinto, comandante da Proteção Civil; Ricardo Eufrásio, médico de saúde pública e Alexandra Aragão, docente e investigadora do Instituto Jurídico da Universidade de Coimbra.
No programa ouvimos a motivação para o debate e as intervenções iniciais de João Martins, do Departamento de Ordenamento da autarquia figueirense e de Alexandra Aragão, docente e investigadora do Instituto Jurídico da Universidade de Coimbra.
A moderação coube à RUC.
João Martins, do Departamento de Ordenamento da autarquia da Figueira da Foz, falou-nos da necessidade de transferência de areias de norte do concelho para as praias do SUL e que tarda.
Já Alexandra Aragão, docente e investigadora do Instituto Jurídico da Universidade de Coimbra, chamou a atenção para a necessidade de Portugal cumprir a legislação europeia. Nuno Mendonça, vice-reitor da Universidade de Coimbra, marcou presença na sessão.
À margem da sessão comemorativa o responsável da Universidade falou com a Agência Lusa. Nuno Mendonça lembrou e passo a citar “ainda antes da implementação do laboratório, em 2016, – no edifício da incubadora de empresas da Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz, onde ainda se mantém -, na sua génese esteve, dois anos antes, “a identificação da parte do município da necessidade de melhoria da qualidade da água no estuário do rio Mondego”.
Na altura, a Câmara Municipal da Figueira da Foz entendeu ser necessário “um laboratório da Universidade de Coimbra com capacidade de “trabalhar a parte da água e a investigação ambiental”, acrescentou Nuno Mendonça, tendo como fim a melhoria dos produtos bivalves produzidos no estuário.
A educação, ensino e apoio às escolas, está na génese do MAREFOZ desde o início.
O laboratório é dotado de equipamento ponta, produz análises da água salgada, “quase únicas a nível nacional”, destacou o vice-reitor da UC.
Para Nuno Mendonça, “o trabalho do Marefoz acabou por vingar na Figueira da Foz, por um lado pela proximidade ao município e à população e, por outro, face à intenção da União Europeia em identificar a água e a economia azul “como centrais no desenvolvimento da Europa”.
A colaboração com as instituições locais tem sido importante para a implementação da Universidade de Coimbra na Figueira da Foz. O município liderado por Pedro Santana Lopes cedeu a Quinta das Olaias, na zona central da cidade, para funcionamento do campus e está renovar o edifício do antigo terminal rodoviário, para dar lugar a novos laboratórios.
Já a Misericórdia – Obra da Figueira, cede as suas instalações para que os estudantes ali possam almoçar e jantar.
Depois da UC ter avançado, em setembro último, com uma nova licenciatura em Biologia Marinha (complementada com dois mestrados, um em som digital e outro em inteligência artificial), de futuro, tem nos seus planos abrir uma nova licenciatura e mais cinco mestrados, o que permitirá, segundo o vice-reitor, que daqui por uma década o campus universitário tenha 500 a 600 novos alunos por ano.
Na sessão Nuno Mendonça salientou a importância de 82% entre as 850 atividades desenvolvidas com a comunidade, serem realizadas com as escolas.
O vice-reitor da Universidade de Coimbra enalteceu o facto de estarmos a uma década de a energia ‘offshore’ se tornar realidade e revelou que no futuro vai existir uma nova estrutura da UC para avançar mais no âmbito da economia azul e da mitigação das alterações climáticas.
No campo das alterações climáticas os projetos de investigação são nacionais e internacionais e o conhecimento abrange todo o território nacional.
Nuno Pinto, comandante da Proteção Civil na Figueira da Foz, vincou a necessidade de a população cumprir com as determinações das autoridades em situações de emergência. Na tempestade recente, apesar dos avisos sobre o perigo do mar, houve quem fosse até ao molhe norte da Figueira da Foz colocar a vida em perigo.
O comandante chamou lembrou a necessidade de empresas e instituições terem os seus próprios planos de emergência. O país já faz muitos simulacros de preparação para situações complicadas, mas a população é avisada do simulacro.
Falta criar situações inesperadas de que ninguém saiba a não ser o grupo que as cria e assim testar comportamentos e operacionalidade dos planos de emergência.
Ricardo Eufrásio, médico de saúde pública, insistiu na necessidade de se investir na saúde mental, quer das populações afetadas, quer nos profissionais de emergência.
Deu exemplos dos incêndios de 2017 em que aqueles que “enfrentaram a besta” ficaram destroçados com o que viram e combateram.
O profissional chamou também a atenção para a falta de equidade na recuperação dos cenários de catástrofe. Quando visitou Nova Orleães após o Katrina apercebeu-se que a recuperação nos bairros pobres da cidade foi muito diferente da que existiu nos bairros ricos. As desigualdades sociais acentuam-se após uma catástrofe.
As alterações climáticas vão obrigar a deslocar populações e mudar de sítio infraestruturas críticas de que os hospitais são exemplos. O médico referiu o Hospital da Figueira da Foz, instalado numa zona crítica da orla costeira.
Nuno Pinto, da proteção civil, lembrou que os dois únicos hospitais de campanha para situações de emergência estão localizados e bem em Lisboa devido à ameaça de sismo.
O comandante revelou que em breve na Figueira da Foz haverá um aviso sonoro em toda a costa abrangida pelo seu comando para avisar populações sobre um possível ‘tsunami’.
Sabia que há uma lei de Restauro na União Europeia? O Conselho Europeu adotou em 17 de junho de 2024 o Regulamento relativo ao restauro da natureza, o primeiro deste género.
Segundo a página do Conselho Europeu, “o regulamento visa estabelecer medidas para restaurar, pelo menos, 20% das zonas terrestres e marítimas da UE até 2030 e, até 2050, de todos os ecossistemas que necessitam de restauro.
Estabelece metas e obrigações específicas juridicamente vinculativas para o restauro da natureza em cada um dos ecossistemas enumerados – dos ecossistemas terrestres até aos ecossistemas urbanos, marinhos e de água doce.
O regulamento visa atenuar as alterações climáticas e os efeitos das catástrofes naturais. Ajudará a UE a cumprir os seus compromissos internacionais em matéria de ambiente e a restaurar a natureza europeia.
À margem da sessão o Rodrigo Oliveira falou com Alexandra Aragão e sobre alguns dos temas abordados no debate “Ordenamento Costeiro- realidades e necessidades do Litoral Centro de Portugal”. A conversa começou pela “controversa” lei que conhecemos como Lei dos Solos.
Como deu a entender Ricardo Eufrásio, médico de saúde pública, é importante que as gerações futuras não nos vejam como “os loucos” que deram cabo do planeta.
Com Agência Lusa