AUTOR: Isabel Simões

DATA: 19.03.2022

DURAÇÃO: ...

A vereadora da Câmara Municipal de Coimbra responsável pelo urbanismo, Ana Bastos, revelou em fevereiro, num debate promovido pelo movimento Cidadãos por Coimbra ter dado orientações para que seja concretizado o Estudo Urbanístico da frente rio da margem esquerda do Mondego, à semelhança do que já foi feito para a margem direita. 

O programa “Há Vida(s) Nesta Cidade” acompanhou uma mesa redonda intitulada – “O MONDEGO NO MEIO DA CIDADE”- promovida em 24 de fevereiro pelo movimento Cidadãos por Coimbra (CpC). A iniciativa pretendeu dar a conhecer e debater o que está previsto para a Frente Ribeirinha no espaço que vai da Ponte Santa Clara ao Açude Ponte na margem direita do Mondego.

Não foi a primeira vez que o movimento Cidadãos por Coimbra debateu o tema. Em outubro de 2020 o movimento convidou todas as forças políticas para uma iniciativa que debateu a forma como a “A cidade vai chegar ao Mondego. Para quem? Como?”.

O CpC pretendia que as forças públicas da cidade e os organismos competentes definissem um plano para a frente ribeirinha desde as traseiras da avenida Fernão Magalhães até ao Choupal. Na altura já estavam decididas quer as obras de consolidação dos muros do rio Mondego, quer a supressão da linha férrea, entre a Estação Nova e Coimbra B.

Com a mudança no governo da cidade que resultou das eleições autárquicas de setembro de 2021. O novo executivo da Coligação Juntos Somos Coimbra, liderado por José Manuel Silva achou por bem que a Avenida Aeminium passe a ser para peões e bicicletas e acessível apenas a veículos de socorro e de emergência e que também as forças policiais possam por lá passar.

Em 1 de março terminou a discussão pública do que a Câmara Municipal de Coimbra pretende seja concretizado na margem direita do Rio Mondego na Frente Ribeirinha.

Antes do fim do prazo, a 24 de fevereiro, o CpC promoveu um encontro no Liquidâmbar para debater a frente Rio a que chamou “O MONDEGO NO MEIO DA CIDADE”

Participaram no debate Ana Bastos, professora da UC, Vereadora da CMC; João Paulo Cardielos, arquiteto, professor do Departamento de Arquitetura da UC; José António Bandeirinha, arquiteto, professor do Departamento de Arquitetura da UC e Paulo Fonseca, arquiteto, coordenador do Estudo Urbanístico Frente, margem Direita a pedido da Câmara Municipal de Coimbra. A moderação coube ao arquiteto Adelino Gonçalves, professor do Departamento de Arquitetura da UC e dirigente do CpC

A apresentação do arquiteto Paulo Fonseca e a opinião do arquiteto  José António Bandeirinha passaram em antena no último sábado, dia 12 de março. As opiniões de Ana Bastos, João Paulo Cardielos e Jorge Gouveia Monteiro  passaram em antena, no programa de 19 de março.

João Paulo Cardielos saudou a presença da Câmara Municipal na pessoa da vereadora do urbanismo, Ana Bastos. Considerou ser bom ver o município “a dar a cara” de forma voluntária na iniciativa e a trazer “as suas intenções ao debate público” Apesar de “de um modo geral concordar com o que tem sido proposto”, o especialista em projeto da paisagem, ainda assim chamou a atenção para um conjunto de ideias que apelidou de “perigosas”.

De acordo com João Paulo Cardielos o estudo tem de se ser assumido como parte do Estudo da Frente Ribeirinha que vai da Portela à nova estação ferroviária, que vai substituir Coimbra B, a que os conimbricenses chamam Estação Velha. O arquiteto deixou alguns alertas para perversões que se podem vir a concretizar e falou da importância dos espaços naturais. Para o arquiteto falta perceber a intensidade do programa Verde de Coimbra. Indicou também algumas “oportunidades perdidas”.

Ana Bastos, vereadora do urbanismo na Câmara Municipal de Coimbra e docente no Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra lembrou que “infelizmente não vamos a tempo de fazer alterações de sonho” mas estamos a tempo de “fazer muito melhor”. A vereadora da coligação que ganhou as eleições nas últimas autárquicas pela coligação “Juntos Somos Coimbra”, revelou que o arquiteto Paulo Fonseca já tem a missão de pensar a margem esquerda desde a Ponte Açude à Ponte da Portela.

Ana Bastos lamentou não ter tido mais tempo para discussão e explicou as razões que levaram que a discussão pública tivesse apenas o prazo mínimo imposto pela lei numa intervenção desta envergadura, ou seja quinze dias. Razões que passam pelos Fundos Europeus e pela questão da adutora da Avenida Fernão Magalhães e por compromissos em relação ao MetroBus.

Depois de deixar um apelo à continuação de o Departamento de Arquitetura da UC continuar a contribuir para o desenho da cidade, a vereadora abordou as preocupações apontadas pelos arquitetos convidados.

José António Bandeirinha recomendou que se “leve a procura”, por parte da população, ao canal do MetroBus. Essencial na linha da Lousã e na parte da Linha do Hospital, disse. Desafiou ainda o Município a preparar todo o canal do novo Sistema de Mobilidade do Mondego para que, daqui a dez anos,  quando as baterias dos veículos do MetroBus estiverem obsoletas, o canal já estar preparado para colocar as catenárias, uma vez que estas, ao contrário das baterias, duram 50 anos.

O coordenador do movimento Cidadãos por Coimbra, Jorge Gouveia Monteiro apelou ao compromisso do Município em denvolver, com urgência, uma política de habitação que mantenha as classes trabalhadoras na Baixa da Cidade. Enalteceu também a necessidade de levar o MetroBus não só a Condeixa. Voltou a lembrar a falta que faz a via estruturante de Santa Clara para melhorar a circulação do transporte público em Santa Clara e São Martinho do Bispo.

Pode ouvir o debate por inteiro e a discussão que se seguiu no dia 24 de fevereiro no youtube do CpC  aqui:

 

Músicas do programa:

  • Samba da Utopia de Jonathan Silva
  • António Chainho
  • António Olaio e João Taborda

Acta do dia 7 de fevereiro onde a Câmara de Coimbra deliberou sobre o assunto e o arquiteto Paulo Fonseca apresentou o Estudo Urbanístico para a Frente de Rio – Margem Direita entre a Ponte de Santa Clara e a Ponte Açude. 

Desenhos publicados pelo arquiteto Paulo Fonseca autor do estudo aqui:

Notícia no jornal Campeão das Províncias