Culturama
segundas, sextas (17h00)
Magazine cultural da Rádio Universidade de Coimbra.
UM PROGRAMA DE:
Programação RUCO Teatro Brasileiro numa coprodução do Teatrão com outros teatros de Coimbra, Aveiro, Porto, Torres Vedras, Santarém, Loulé e Guimarães chega a Portugal a partir de setembro. O Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) acolhe a primeira peça do ciclo – “A Invenção do Nordeste” pelo grupo Carmim.
A celebração dos 100 anos da Semana de Arte Moderna de São Paulo e dos 200 anos da Independência do Brasil, são pontos de partida para a terceira edição da “Mostra São Palco”. “Duas datas muito inspiradoras”, na opinião da diretora artística do Teatrão, Isabel Craveiro.
Para o curador da “Mostra São Palco”, Jorge Louraço Figueira, o ciclo pretende relançar o festival – as primeiras edições decorreram em 2012 e 2013. Na organização existe a preocupação de realizá-lo de dois em dois anos e revelar facetas de um Brasil que Portugal desconhece.
Pretende-se fazer “uma espécie de (re)visita da História”, disse o curador na conferência de imprensa de apresentação que decorreu, ontem, na Tabacaria da Oficina Municipal do Teatro (OMT).
A “Invenção do Nordeste” dá início à mostra no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), a 7 de setembro, dia em que o Brasil celebra a sua independência. A obra parte de uma investigação científica sobre “preconceitos e estereótipos” que existem sobre a imaginação cultural dos nordestinos brasileiros.
A peça “Jacy” vai a cena na OMT no dia 11 do mesmo mês. Conta a vida de “uma pessoa comum que atravessa momentos históricos importantes” como a Segunda Guerra Mundial ou a ditadura no Brasil. Ambas as representações pertencem ao Grupo Carmim e têm caráter documental. A companhia estreia em Portugal.
Companhia do Latão, Companhia do Tijolo e Coletivo Negro são os outros três coletivos a visitarem teatros das cidades parceiras. Trazem peças como “LUGAR NENHUM ”, “LEDORES NO BREU” e “GOTA D’ÁGUA {PRETA}” respetivamente. Todas mostram “como há um outro Brasil a ser construído” nos dias de hoje. Galiana Brasil, gestora do Instituto Itaú Cultural em São Paulo, reforçou a importância de ter múltiplas vozes de um país continental como o Brasil.
Peças de Teatro, concertos, debates, conferências, oficinas, leituras de dramaturgia e conversas após o espetáculo vão ter lugar na “Mostra São Palco”. Os debates estão relacionados com os espetáculos e os artistas que vêm a Portugal. A primeira conversa debruça-se sobre o “Sertão real” e o “Sertão imaginário” na literatura e nas artes em geral. “Onde Está o Nordeste?”, assim se chama.
O Laboratório de Escrita para Teatro Dialético de Sérgio de Carvalho acontece a partir de 26 de setembro no TAGV. Jornalista, escritor e professor universitário fundou a Companhia do Latão e é um profundo conhecedor do novo teatro brasileiro. Em São Paulo cruzam-se linguagens que vêm de muitos lugares do Mundo, lembrou o diretor do TAGV, Fernando Matos Oliveira.
O projeto do Teatrão tem coprodução com o TAGV, Convento São Francisco, o Teatro Aveirense, Cineteatro Louletano em Loulé, o Coliseu do Porto AGEAS e o Teatro Nacional São João no Porto, o Teatro-Cine Torres Vedras, o Teatro Sá da Bandeira em Santarém e o Teatro Oficina de Guimarães.
Francisco Paz, programador do Convento São Francisco evidenciou a importância de a programação Cultural dos Municípios ter em conta o território. Já João Aidos do Teatro Sá da Bandeira destacou a relevância do trabalho em rede.
Uma adaptação pelo Coletivo Negro do musical “Gota d’Água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes, põe em evidência as questões raciais e transfere a tragédia de Medeia para uma favela do Rio de Janeiro. Vai ter exibição em Loulé a 15 de setembro e no Convento São Francisco, em data a anunciar. A 20 de outubro o musical apresenta-se no Coliseu do Porto. Mónica Guerreiro, presidente da Direção na Coliseu Porto Ageas, enalteceu “o bom exemplo” da parceria entre instituições.
Sara Vasconcelos do Teatro Oficina de Guimarães recordou que passam dez anos em que a cidade foi Capital Europeia da Cultura e de como a programação da “Mostra São Paulo” desafia as noções de portugalidade.
A mostra tem o apoio do Itaú Cultural, do Brasil, da Direção Geral das Artes, Programa Garantir Cultura, Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, Programa Iberescena e do Município de Coimbra.
O Teatrão apresentou também a programação própria para os próximos meses. “Tempo de…” vai ser tema. Não vão faltar peças de Teatro, um fórum para saber o que pensam os jovens sobre a programação cultural, concertos na Tabacaria De tudo isto vamos falar em próximos Culturamas
Fotografia: A Invencao do Nordeste@jose tellys fagundes