AUTOR: Isabel Simões E Informação RUC

DATA: 11.05.2021

DURAÇÃO: ...

Foram divulgados documentos “inéditos” reveladores do papel decisivo da intervenção dos estudantes e da cidade de Coimbra no triunfo revolucionário iniciado no Porto em 1820.

A divulgação surge no âmbito do projecto de investigação historiográfica desenvolvido por Vital Moreira, político e constitucionalista, em parceria com José Domingues, jurista e professor auxiliar da Faculdade de Direito da Universidade Lusíada do Porto, e cujo trabalho foi desenvolvido a partir do Centro de Estudos Jurídicos, Económicos e Ambientais (CEJEA) da Universidade Lusíada.

A descoberta foi anunciada na passada sexta feira, dia 7 de Maio, no Convento São Francisco onde decorreu a apresentação do livro “Há Constituição em Coimbra – No Bicentenário da Revolução Liberal”.

A cidade de Coimbra terá desempenhado um papel estratégico fundamental na movimentação da revolução do Porto para sul do Mondego e para “parar a reação da regência de Lisboa”. Tal ficou a dever-se não só à posição geoestratégica da cidade como
também ao posicionamento político e intelectual pela adesão da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), do clero e da Academia – esta última quer pelo reitor, quer pelos próprios estudantes da universidade.

Os textos agora publicados permitem compreender a dimensão do papel de intelectuais como Almeida Garrett na luta pelo direito ao voto nas eleições constituintes, no que Vital Moreira apelida de “uma verdadeira insurreição da Academia de Coimbra em favor da revolução”.

É nesta edição comemorativa dos 200 anos da Revolução Liberal que são divulgados e analisados os raros documentos, uma vez que grande parte dos testemunhos dos acontecimentos terão sido destruídos posteriormente a mando da contra-revolução
de 1823. A exemplo, Vital Moreira menciona que a acta de adesão da CMC à Revolução terá sido “apagada com tinta” tendo-se tornado conhecida apenas por alguns exemplares.

A documentação reunida resulta, assim, no relato do desencadeamento da Revolução Liberal nesta cidade contemplando os acontecimentos decorrentes desde o momento de entrada das tropas liberais, no final de agosto de 1820, até à eleição das
Cortes constituintes em Dezembro do mesmo ano.

A publicação deste livro, salienta Vital Moreira, preenche uma “lacuna” na história de Portugal e da cidade enquanto divulga simultaneamente o papel de Coimbra, até então desconhecido, na vitória do movimento revolucionário, através da publicação de novos documentos e da análise de outros menos explorados.

Fruto de um “acaso notável”, esta obra confere continuidade ao trabalho já desenvolvido pelos autores sobre o resgate da Revolução Liberal enquanto a “mais disruptiva das revoluções políticas em Portugal”, cumprindo ainda o objectivo “colateral”
de anunciar o contributo fundamental da cidade dos estudantes neste acontecimento histórico.

Já o título da obra “Há Constituição em Coimbra” refere-se à mensagem “em código” emitida por um partidário do Antigo Regime a fim de notificar a capital sobre a adesão de Coimbra à Revolução que se iniciou no Porto, a 24 de Agosto de 1820,
convocando as Cortes a aprovar uma Constituição.

O livro “Há Constituição em Coimbra – No Bicentenário da Revolução Liberal” é uma publicação da CMC, cuja apresentação contou com a participação na mesa, não só dos referidos autores como também, do presidente do município, Manuel Machado, Luís Reis Torgal (professor universitário e coordenador científico do CEIS20) e ainda Manuel Carlos Lopes Porto, professor catedrático do Grupo de Ciências Económicas da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

Foi ainda referida pelos autores e apresentadores o contributo da professora do Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, investigadora e autora de várias publicações Isabel Nobre
Vargues.

Samanta Almeida (texto e imagem)