AUTOR: Isabel Simões

DATA: 12.04.2022

DURAÇÃO: ...

À meia noite de sexta para sábado passado, de oito para nove de abril, a cidade inaugurou a segunda parte da Ano zero – A Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. Infelizmente o Culturama não conseguiu estar presente. Graças à gentileza da Universidade de Coimbra (UC), vamos poder contar-lhe um pouco do que foi vivenciado através das mensagens deixadas por representantes das entidades promotoras.

Pode apagar a luz, pensar que é meia noite e está na que foi a Sala de Guerra do Mosteiro de Santa-Clara-a-Nova. Sala que tem uma fotografia da cidade sobre uma mesa larga e comprida.

Carlos Antunes, diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), um dos parceiros que com a Câmara Municipal de Coimbra e a UC, promove a Bienal desde a primeira Anozero de 2015, explicou porque razão escolheu duas mulheres para a curadoria: Elfi Turpin e Filipa Oliveira.

Para Carlos Antunes, a forma como as curadoras olham o mundo foi determinante para a escolha das duas curadoras. Pela primeira vez a Bienal está “entrosada” com a Temporada Cruzada Portugal França 2022. “Tem sido uma festa”, afirmou o director do CAPC mostrando-se grato por Coimbra estar cheia de artistas franceses.

A Temporada Cruzada Portugal França 2022 decorre de uma decisão do primeiro-ministro, António Costa e do presidente francês, Emanuel Macron. Tomada a decisão em 2019 deveria ter acontecido em 2021, entre a presidência portuguesa e a presidência francesa.

A pandemia adiou para este ano a iniciativa. Manuela Júdice, Comissária Geral pela parte portuguesa, lembrou a relação cultural que existe entre França e Portugal e enalteceu a presença de mulheres artistas dos dois países e de países de outras geografias. A “Europa diversa” a marcar presença nesta Bienal, disse.

Dominique Depriester, Conselheiro Cultural da Embaixada Francesa em Lisboa, abordou as relações da cidade de Coimbra e da UC com a cultura francesa. Literatura e cinema francófonos continuam a ser apreciados até hoje.

O movimento feminista está no cerne da quarta edição da Anozero. O Conselheiro Cultural da Embaixada Francesa em Lisboa não esqueceu as amizades que a França tem na cidade.

Delfim Leão, vice-reitor da Universidade de Coimbra para a Cultura e Ciência Aberta enalteceu a criatividade da Bienal que se “renova” e “surpreende”. Para o vice-reitor da UC, a Bienal vai ao encontro, do desejo da Universidade de juntar à “reflexão teórica sobre a arte, uma reflexão prática muito mais intensa”.

Através da Bienal o mundo artístico interpela a Universidade e provoca “disrupção” com a sua criatividade. Em Coimbra “uma cidade com milénios de história, a tradição pode ser uma armadilha, até mortal”, afirmou Delfim Leão. Na opinião do vice-reitor, a Bienal é talvez a iniciativa que “exprime as vantagens do relacionamento” do mundo artístico da cidade e da Universidade.

O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, enalteceu o Cruzamento da Arte Contemporânea com as outras artes. A Anozero começa no Mosteiro de Santa-Clara-a-Nova e integra as ‘Saisons Croizet’ e é a única utilização que o espaço conhece anualmente.

“O milagre da Arte com meios financeiros limitados” acontece em Coimbra, lembrou José Manuel Silva.

As curadoras inspiraram-se na colónia de morcegos que habita a biblioteca Joanina e que durante a noite cuida dos livros. A noite “como espaço de resistência e de liberdade” determinou algumas das linhas orientadoras. Com as diferentes escolhas, não são respostas que procuraram mas reflexões que colocam perguntas sobre “racismo, classismo, sexismo, idadismo, ou capacitismo do mundo moderno”.

“Colocámos os óculos de morcego de Coimbra por cima dos nossos óculos feministas e convidámos um grupo de artistas a partilhar as suas ferramentas artísticas e críticas. Ferramentas que multiplicam e ligam mundos e que se situam depois do patriarcado — no futuro, portanto.”, escreveram na apresentação nas redes sociais.

Os cerca de 40 artistas expõem em lugares como o Mosteiro de Santa-Clara-a- Nova, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra Sereia e no Círculo Sede na Rua Castro Matoso. Na Estufa Fria do Jardim Botânico, no Teatro da Cerca de São Bernardo e na Rua da Estrela

Mais informação em anozero-bienaldecoimbra.pt ou 21-22.anozero-bienaldecoimbra.pt

Fotografia: UC|Marta Costa