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Anozero 2026 propõe Bienal da “cura e reparação” com curadoria de Hans Ibelings e John Zeppetelli

Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra (Anozero) regressa em 2026 com o tema “Segurar, dar, receber”, inspirado na raiz etimológica da palavra “habitat”. Com curadoria de Hans Ibelings e John Zeppetelli, a nova edição da Anozero propõe uma reflexão sobre um ‘habitat’ “simbiótico, anárquico e horizontal” em substituição da lógica de “competição ou exclusão”.

Carlos Antunes, diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), uma das entidades da organização, explicou à RUC as razões por detrás da escolha dos novos curadores e o espírito que orienta a edição do próximo ano.

Hans Ibelings, historiador de arquitetura e fundador da revista A10 – New European Architecture, doutorou-se em Coimbra em 2019. Desde 1989 tem comissariado exposições por toda a Europa. Convidou para esta edição o curador canadiano John Zeppetelli, da Art Gallery of Ontario, com quem trabalha pela primeira vez.

Já John Zeppetelli, canadiano, é curador na Art Gallery of Ontario, em Toronto, segundo a organização, tem a carreira marcada pela direção do Museu de Arte Contemporânea de Montreal.  Os dois curadores são amigos, conhecem bem o trabalho um do outro e desenham juntos pela primeira vez uma Bienal.

“O Hans é uma figura notável, um pensador com quem temos uma enorme empatia. E o John revelou-se uma surpresa extraordinária, com uma empatia rara e um alinhamento total com a nossa visão”, sublinhou Carlos Antunes.

A colaboração entre arquitetura e artes plásticas continua a ser central na Anozero. Desta vez, a Bienal parte da arquitetura para convidar outros universos artísticos. Arte, design, artesanato, paisagismo, folclore, jardinagem, farão parte da intervenção da Anozero na cidade.

Carlos Antunes descreve esta edição como uma “Bienal da cura e da reparação” — um projeto que valoriza o património e cuida do território, em linha com a inscrição da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia como Património Mundial da UNESCO.

“O que nos importa nestas classificações é que elas se traduzam numa responsabilidade coletiva e social. Queremos um lugar vibrante, que desafie e atraia, não apenas um lugar consagrado”, afirmou o diretor da Anozero.

Escultura, jardinagem – pequenas intervenções na cerca do Mosteiro

Escultura, design, jardinagem, artesanato e paisagismo vão ocupar lugares inesperados, com intervenções que aproximam arte e arquitetura do quotidiano.

Carlos Antunes também destaca o papel crescente das microintervenções nos espaços exteriores dos edifícios que compõem o complexo do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

“Criar um caminho no meio do silvado é uma forma de organizar o território. Estamos a tomar conta dos espaços, a transformá-los em jardins, em lugares de descoberta e de descanso”, lembrou Carlos Antunes, referindo-se a intervenções realizadas com artistas e estudantes.

Em edição anterior, a colaboração com Nigel Kingsbury, um dos mais reconhecidos editores de botânica do mundo, levou à identificação e valorização das espécies vegetais presentes nos terrenos da Bienal. A atenção ao detalhe e ao território reflete a dimensão expandida da arte contemporânea que a Bienal pretende promover.

Orçamento e crescimento sustentável

Apesar de operar com um orçamento de 700 mil euros, modesto face  a outras Bienais, a Anozero tem crescido de forma sustentada. Há poucos anos esse valor era de apenas 300 mil euros, Carlos Antunes explica os sucessivos  orçamentos “de contenção” e de crescimento sustentável.

“A Bienal cresce à medida das suas necessidades. Temos sido sábios na gestão, com uma contenção que não compromete a qualidade. É quase uma arquitetura franciscana, austera, mas de grande qualidade”, comparou o entrevistado.

Com um orçamento inferior a um milhão de euros e parcerias em crescimento, a Bienal reafirma-se como uma plataforma de criação artística profundamente enraizada no território. “Queremos um lugar vibrante, que desafie e atraia — não apenas um espaço consagrado”, enfatiza Carlos Antunes.

A Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra tem como organizadores o CAPC, a Câmara Municipal de Coimbra e a Universidade de Coimbra.

Fotografia: CAPC

Nota da editora: Foi corrigido o nome de John Zeppetelli indevidamente identificado como John Zebetelli

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