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Mário Centeno destaca papel da educação e da estabilidade financeira no futuro de Portugal
O Governador do Banco de Portugal encerrou a conferência do IPC com um apelo claro para que Portugal continue a investir na educação, na mobilidade social e na responsabilidade coletiva. “Não conheço nenhum país, na história recente das economias mundiais, que tenha investido na educação e falhado”, afirmou.
Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal, foi o orador convidado pelo Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) para proferir a conferência da cerimónia de celebração dos 46 anos da instituição.
O governador destacou o papel fundamental da educação, da mobilidade social e da responsabilidade financeira na construção de um futuro mais próspero e inclusivo.
Citando a Nobel da Economia, Cláudia Goldin, sublinhou que o século XX foi “o século da educação” na Europa.
Portugal, porém, chegou tarde. Em 1974, mais de 25% da população era analfabeta; entre as mulheres, o analfabetismo atingia um terço da população. Hoje, 85% dos jovens concluem o ensino secundário e cerca de metade termina uma licenciatura. Em 2022, em cada 100 pessoas com ensino superior completo, cerca de 61 eram mulheres e cerca de 39 eram homens.
“Sem capital humano não podemos progredir economicamente”, disse o governador.
Na última década, o país criou condições para crescer e para convergir com os padrões europeus. O salto de convergência fez-se com base no capital humano e na estabilidade financeira, iniciada com o equilíbrio das contas públicas.
Mas, segundo Mário Centeno, os desafios futuros não serão superados se Portugal se fechar ao mundo.
Para o governador, o mercado único, a livre circulação de pessoas, que possibilita um mercado de trabalho comum, bem como a livre circulação de capital e conhecimento, são ativos cruciais.
Centeno lembrou que, em dez anos, os salários duplicaram, feito que não tinha sido alcançado nos novecentos anos anteriores.
Sem desvalorizar a importância do turismo, sublinhou que outros setores contribuíram mais significativamente para a melhoria do salário médio dos portugueses.
O que mudou no século XXI?
O discurso abordou também os avanços económicos de Portugal.
Após um período de crescimento modesto — apenas 0,4% ao ano entre 2001 e 2015 —, o país acelerou para uma média de 2,2% ao ano desde 2016, ultrapassando mesmo a média da zona euro.
A evolução foi acompanhada por uma redução significativa do défice orçamental e por uma melhoria da reputação financeira de Portugal junto dos mercados internacionais, o que permite, por exemplo, que o país pague menos juros da dívida do que países como a Espanha.
A dívida do setor público, das famílias e das empresas caiu mais de 100 pontos percentuais do PIB desde 2013. As empresas portuguesas tornaram-se mais autónomas e resilientes, com maior capital próprio e menor dependência do crédito bancário.
“Portugal passou de 80% dos dias deste século em incumprimento das regras orçamentais europeias para se tornar num dos países mais responsáveis da zona euro”, afirmou Centeno.
O governador destacou ainda a importância de continuar a aprofundar a integração europeia, alertando para os riscos de desconfiança entre Estados-membros. Recordou que foi preciso uma crise global , a pandemia, para que a União Europeia avançasse com uma emissão conjunta de dívida, um passo histórico que muitos julgavam impossível.
Para o governador, chegou o momento de o país enfrentar as desigualdades sociais, promover a criação de empregos qualificados, dando tempo às pequenas e médias empresas para o fazerem e oferecer esperança à “melhor geração de portugueses com mais apelidos de sempre”.
Fotografia: IPC
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