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Alta e Sofia precisam de comprometer Comunidades com Património
Análise crítica do que foi feito nos últimos dez anos revelou que os dois grandes objetivos definidos inicialmente no Plano de Gestão da Alta e Sofia — a requalificação da Rua da Sofia e a melhoria da mobilidade na Alta — não foram plenamente atingidos. Com base nessa avaliação, o novo plano estrutura-se em 112 ações. Número simbólico que revela urgência.
Na apresentação do Plano de Gestão do Bem “Universidade de Coimbra, Alta e Sofia”, na última terça-feira, a coordenadora do plano, Luísa Trindade, mencionou que a situação da Rua da Sofia é particularmente crítica uma vez que continua a ser uma “rua canal” — via de trânsito intenso e rápido, inóspita à vivência pedonal e ao usufruto do património. A Sofia é o “grande foco” para os próximos dez anos.
Segundo a coordenadora do Plano de Gestão do Bem Alta e Sofia são dois polos com desafios distintos. Enquanto a Rua da Sofia sofreu, desde o século XIX, um processo de fragmentação patrimonial e funcional, perdendo a sua unidade original. Pelo contrário, a Alta consolidou-se como um espaço monofuncional e universitário durante o século XX, o que simplifica a sua gestão, mas também levanta outros desafios.
Transformações na Alta: Entre Reabilitação e Pressão Turística
A Alta, por seu lado, tem vivido uma transformação demográfica e funcional significativa. Apesar de Coimbra ter crescido ligeiramente em população, o centro histórico perdeu habitantes e envelheceu. A subida do turismo, visível nos números da Universidade, trouxe novas dinâmicas, mas também provocou a substituição do comércio tradicional por uma “monocultura turística” centrada em restauração e ‘souvenir’.
Entre 2013 e 2023, o número de alojamentos locais passou de cerca de 20 para 592, com uma concentração impressionante na Alta. Este fenómeno está associado à gentrificação e à descaracterização do tecido comercial e habitacional.
Comunidades no Centro da Estratégia
Face aos desafios, a equipa responsável pelo plano reforça a importância de recentrar a atenção nas comunidades locais — académicas, residentes, regionais e nacionais — que se foram afastando da vivência da Alta e da Sofia.
A valorização do património não deve excluir o turismo, mas sim equilibrar os interesses dos visitantes ocasionais com os das comunidades que dão vida ao bem.
Este plano é, assim, uma chamada de atenção, um compromisso com a memória, a identidade e o futuro da cidade. Não se pretende apenas conservar um património material, mas reativar um sistema urbano e social que já foi parte fundamental da vivência coletiva de Coimbra.
Fotografia: Universidade de Coimbra
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