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05.06.2025POR Tiago Calvinho

5 Anos em órbita com o Vektor

O satélite electrónico Vektor celebra 5 anos de emissão em direto, com dois dias de festival a decorrer em espaço-sede, no Terraço Afonso Macedo, a contar com 4 nomes do panorama do clubbing nacional: XCI, Ana Pacheco, Maribell e Mingote, bem como com DJs da casa.

Produto da conjunção entre a composição musical e inovações eletrónico-tecnológicas, a década de 1920 albergou o que conhecemos como a génese da música eletrónica. Entre os vários nomes fulcrais no aprofundamento deste género enquanto ainda embrionário, nomes como Maria Schüppel, Pierre Schaeffer, Joseph Schillinger ou Karlheinz Stockhausen sobressaem pelo seu pioneirismo.

Com o viajar das formas, num período onde no Ocidente Global regem as rotas coloniais e a crescente globalização – e, num panorama artístico, a preferência pelo abstrato e pelo científico-futurista – a música eletrónica refletiu o diálogo entre as potências coloniais e as suas colónias. Um dos maiores exemplos deste fenómeno encontra-se na génese do Dub, proveniente dos sistemas de som caribenhos e aprofundado na Inglaterra e nos Estados Unidos. 

Por isso, uma abordagem aprofundada da música eletrónica é uma tarefa muito exigente, principalmente pela sua pertinência desde o início do século XX até ao nosso quotidiano. Esta contextualização é um exercício feito pela Rádio Universidade de Coimbra – desde a génese no Cassiopeia, da autoria de Tiago Eiras no início dos 2000 até à sucessão com o Kepler, entrando em rotação com André Tejo em 2012 e, até 2021, sendo o ponta-de-lança na divulgação de música eletrónica na RUC, sendo substituído, então, pelo Vektor, programa que se mantém até hoje.

Sumamente, o Vektor aborda toda a linhagem temporal do mundo eletrónico, abordando géneros musicais como House, Electro, Minimal, IDM, Techno, Dub, até géneros assentes em nichos menos popularizados, e qualquer hibridização entre os mesmos – priorizando a análise cuidada das imensas nuances dos contextos onde a música electrónica fervilha. 

Já em órbita no sistema ruciano há 5 anos, a RUC celebra a sua 5ª volta com um evento de dois dias, entendendo-se de 19 a 20 de Junho deste ano de 2025, com a missão de divulgar produções recentes e ressalvar os clássicos, tanto a nível nacional como global.

Debruçando sobre os horizontes atuais da música eletrónica, o Vektor, para este evento, conta com quatro artistas, todos com o seu cunho atípico que traz à luz as sonoridades e cadências rítmicas da atualidade. Ainda para trazer o espírito ruciano à instância, este evento conta com quatro DJs RUC que acarretam, igualmente, uma sonoridade distinta.

Para dia 19 de Junho, o 5º Aniversário de Vektor compreende-se nas sonoridades leftfield de XCI, produtor e DJ assente em Lisboa cuja sonoridade se alastra também para dois grupos musicais – WAPAQ, com DJ Blech e Factor 30 com Larmour. Em ambos projetos, as cadências rítmicas hipnotizantes do produtor transparecem, configurando um espaço subalterno governado pela manipulação digital da onda sonora. 

A suceder a XCI contamos com mais uma DJ responsável por uma pletora de noites bem passadas e que, a encerrar o primeiro dia do evento, replica essa energia no Terraço Afonso Macedo. Ana Pacheco é uma das figuras pertinentes do underground português, apresentando uma perspetiva transcendental da música eletrónica, explorando as relações entre a música e a dimensão social, antropológica e política.

Já para o dia 20 de Junho, a programação segue uma nova trajetória. Sobre a viagem das formas, contamos com a seleção musical de Maribell, DJ nascida em Angola e hoje sediada em Lisboa que, através da sua invocação de ritmos de origem angolana e das profundezas do cenário musical europeu, confere aos ouvintes uma experiência imprevisível, prometendo aos corpos movimento incessante sob o governo da musicalidade da DJ. 

A fechar as portas da noite e do evento, contamos com a presença de Mingote, oriundo da Covilhã mas radicado no Porto. Com uma procura incansável de uma nova sonoridade, o repertório de Mingote entende-se  através do DJing, da produção e da curadoria musical evidente na sua editora Ovelha Trax. Co-fundada com SupaA, a editora enaltece a magia do cenário electro portuense com lançamentos consistentes desde 2021. 

No panorama subalterno eletrónico, muitas problemáticas sobressaem para ao de cima, principalmente no que toca ao que é considerado eletrónico. 

Face a esta questão, a RUC propõe um espaço que estimule a dança à frente das colunas, nos dias 19 e 20 de Junho, no Terraço Afonso Macedo, entre as 18h e as 00h.

A festa inicia nos dois dias às 18H, contando com os DJs RUC, no dia 19 alanavegana e b2b entre Ninja e Striga e, no dia 20, Ana Marques e Xez, que abrem as alas para as atuações.

O grafismo desta edição é de Maria Rodrigues Carrilho.

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