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Após mandato “positivo” (à exceção da componente desportiva), Sá Frias pondera candidatura à AAC/OAF

Balanço positivo nos capítulos financeiro e infraestrutural não apagam desilusões nos relvados. Serão embargos de Eduardo Lopes a atrasar homologação do plano de recuperação da AAC/OAF, mas Rui Sá Frias acredita que “a razão está do lado da Académica” e que situação vai ficar resolvida em breve.

Foi já no término da entrevista que Rui Sá Frias revelou que a candidatura à direção da Associação Académica de Coimbra / Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF) não é uma impossibilidade. O atual vice-presidente diz que “ainda não estamos em período eleitoral” e que, por isso, ainda não está na hora de dizer que sim ou que não, mas que a realidade é que tem sido contactado por vários sócios a pedir-lhe que avance. Foi este o ponto mais alto de uma longa entrevista que despertou curiosidade à partida, uma vez que o balanço da temporada foi feito pelo vice-presidente e não por Miguel Ribeiro, presidente do clube, que recusou prestar esclarecimentos por acreditar que o sítio para o fazer é a Assembleia Geral. Sá Frias não é do mesmo entendimento e sublinha que há coisas que podem ser discutidas com a comunicação social, recusando que isso possa colocar em causa a estabilidade do clube.

Do sucesso financeiro ao desastre desportivo

“Desastre” é uma palavra forte para o vice-presidente da Briosa, que prefere dizer que as coisas “não correram tão bem”. Depois de uma primeira época com pouco tempo de preparação, Rui Sá Frias diz que as coisas foram melhores em 2023/2024, onde o 1º lugar na fase regular pode não ter dado um bom sinal à equipa que ficou que Djé Tah D’Avilla, “se calhar o melhor jogador que vimos jogar nestes anos de Liga 3”. Este ano, depois de a temporada ter arrancado mal com Pedro Machado, Rui Sá Frias fala de um bom percurso com António Barbosa, que acabou por ficar manchado no final da fase regular. O dirigente defende que um melhor ataque ao mercado de inverno não foi possível porque “muitos jogadores só se decidem quando sabem que vão jogar a fase de subida”. Se no futebol masculino a equipa ficou muito longe de “estar em condições de subir à Liga 1” (promessa eleitoral da lista encabeçada por Miguel Ribeiro), Rui Sá Frias não deixa esquecer que o investimento no futebol feminino foi uma “aposta ganha” para o clube de Coimbra.

É na parte financeira (aquela pela qual Sá Frias é responsável) que o vice-presidente encontra maior “mérito e coragem” da direção. O responsável diz que apanhou o clube numa situação “ruinosa”: 12 trabalhadores com quatro meses de salários e oito subsídios em atraso, uma dívida ao Estado de quase 2 milhões de euros, dois e três meses de salários em atraso dos atletas e treinadores da equipa principal (cerca de 350.000€) e 510.000€ de receitas antecipadas. Para fazer frente à situação, o clube avançou com um plano de recuperação da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas que foi homologado em 2023 e que, de acordo com o vice-presidente, veio “reestruturar o passivo e trazer previsibilidade à gestão da Académica”. Mais tarde no mesmo ano, por terem sido penhoradas as receitas do Organismo Autónomo de Futebol por um dos credores (Eduardo Lopes), foi a vez deste órgão ser obrigado a apresentar a insolvência. Depois de aprovado o plano de recuperação por 77% dos credores, o documento aguarda ainda homologação por parte da juíza, que tem ainda de decidir sobre os embargos colocados por Eduardo Lopes – uma situação em que, de acordo com Rui Sá Frias e com “os peritos”, “a Académica tem a razão do seu lado”. E pode a Académica fechar portas se a juíza não decidir a favor do clube nos embargos colocados? Não, diz o vice-presidente. Caso a decisão favoreça o credor, o clube volta à situação em que estava antes de ter sido declarada a insolvência, podendo-lhe ser penhoradas todas as receitas.

Mas os planos de recuperação não foram tudo o que foi feito para resgatar a Académica da situação em que se encontrava, nota Sá Frias. Na primeira temporada foi contraído um empréstimo de 750.000€ para que se tornasse possível inscrever a equipa na Liga 3. Em virtude do previsto no plano de recuperação da SDUQ foram despedidos vários trabalhadores (passaram de 25 a 9) e, com eles, reduziu-se também a folha salarial do clube (passaram a gastar-se menos 417.000€ anuais). Já no campo das receitas, o saldo também é positivo: neste momento entram mais 300.000€ por ano do que entravam em 2022 (um valor que, diz Sá Frias, ainda deve aumentar até ao fim do mandato). O dirigente destaca um melhor aproveitamento do estádio (vendem-se mais camarotes e mais publicidade), a aposta no digital (a Académica tem agora um novo site, pagamento de quotas, bilheteira e loja online) e sublinha que houve um contínuo investimento na academia.

“Não há diferendo [entre Direção e com Mesa da Assembleia Geral]”

No Universo Briosa, as últimas semanas ficaram marcadas pela troca de galhardetes entre a Direção e a Mesa da Assembleia Geral na caixa de correio dos associados. Primeiro, a direção enviou um e-mail onde criticava a Mesa por ter evitado uma Assembleia Geral onde se discutisse a antecipação das eleições (uma posição com que o presidente Miguel Ribeiro não concordou, pedindo que a sua posição fosse expressa no e-mail [algo que  não aconteceu]). Dias depois, foi a vez da Mesa da Assembleia Geral responder, explicando que a marcação da Assembleia Geral se prende apenas com a finalização das contas da AAC/OAF, SDUQ, Lda respeitantes à época desportiva de 2023/2024. Posto tudo isto, Rui Sá Frias evita entrar em disputas internas durante a entrevista, nega um diferendo entre os elementos e explica que a posição de Miguel Ribeiro não ficou expressa no comunicado porque acredita que a direção funciona como um todo.

O Prognósticos completo pode ser ouvido no link acima ou através das plataformas habituais.

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