
“A luta continua!”, os estudantes saíram à rua
Milhares de jovens fizeram-se ouvir pelas ruas de Lisboa na manifestação do Dia Nacional do Estudante, celebrado dia 24 de março. Movidos pelo forte descontentamento com o estado do Ensino Superior em Portugal, os jovens saíram à rua para reivindicar o fim da propina, mais ação social e mais representação nos órgãos de gestão. “Não recuamos! Gratuitidade já!” foi o mote do protesto estudantil.
O mar de estudantes juntou-se no Rossio e rumou à Assembleia da República pelas 15h30. Foram 27 as estruturas estudantis que subscreveram o protesto, organizado pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
A encabeçar a multidão, estava a faixa que assinalava o mote da manifestação. Joana Ventinhas, presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, era uma das estudantes que segurava o emblema. A jovem revelou que não apelam apenas ao fim da propina.
A Associação Académica de Coimbra (AAC) não ficou de fora do protesto. A Academia conimbricense forneceu transporte até Lisboa a todos os que se quisessem manifestar e aproximadamente 250 estudantes dirigiram-se à capital. Para Carlos Magalhães, presidente da AAC, o Dia Nacional dos Estudantes este ano é sobre contestação.
Pedro Monteiro, dirigente da Federação Académica de Lisboa, apontou as declarações de Fernando Alexandre, ministro da Educação, sobre o possível descongelamento das propinas e o quadro de instabilidade política como agravantes da condição estudantil.
A marcha iniciou. As ruas de Lisboa enfeitaram-se de cartazes com as várias reivindicações do dia. Uns mais simples, outros mais cómicos, não se pouparam criticas ao Governo de Luís Montenegro.
A multidão passava a Rua do Carmo quando choveram cravos, lançados de um terraço. Para os manifestantes, as suas reivindicações passam por Abril, destacou Laura Abreu, da associação de estudantes organizadora.
Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, acompanhou o desfile da manifestação. Em entrevista aos órgãos de comunicação da Associação Académica de Coimbra, a bloquista defendeu a abolição da propina.
Também o Livre se quis associar ao movimento estudantil. Paulo Muacho deixou criticas ao Governo e assinalou soluções.
Ao longo da marcha, o silêncio não foi bem-vindo. Ao som de cânticos de ordem como “Dói a propina!” e “O custo de vida aumenta, o estudante não aguenta!”, os manifestantes chegaram ao destino final, a Assembleia da República.
Ao microfone, em frente às centenas de estudantes, discursaram Carlos Magalhães e Guilherme Vaz, Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O dirigente da AAC afirmou que os estudantes “exigem mais”.
Guilherme Vaz, apelou à união dos estudantes na “luta”.
Sofia Daniel, estudante de História da Ciência na Universidade de Lisboa, apontou a falta de cantinas na faculdade de Ciências, o aumento da propina, e o preço da habitação como principais preocupações. Para a jovem, o futuro é incerto, e fazer vida fora do país, apesar de não ser a opção desejada, acaba por ser a única solução à vista.
A uma só voz, os jovens uniram-se ao ritmo da canção de Zeca Afonso, símbolo da luta popular. Os estudantes insistem que vão dizer “não” e resistir à elitização do Ensino Superior.
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