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Usando “precaução, diálogo e cultura” a IA pode ser muito útil à humanidade

”Ser Humano na Era da Inteligência Artificial” foi tema do colóquio de António Dias de Figueiredo na Biblioteca Carlos Folhais da Estação Elevatória de Coimbra.

“Vale a pena compreender que sempre houve preocupações quanto aos efeitos da tecnologia sobre nós”, lembrou António Dias de Figueiredo, professor catedrático aposentado do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), ontem na Biblioteca Carlos Fiolhais.

Quando passámos da oralidade à escrita houve quem receasse que a humanidade perdesse a memória. Hoje há quem demonstre que a Inteligência Artificial (IA) está a promover o desinvestimento na plasticidade neuronal e que o espírito crítico está a diminuir.

Para o especialista “é preciso começar a usar a IA” aplicando três princípios básicos: precaução, diálogo e cultura. Precaução porque afinal os sistemas de IA “não são fiáveis” e, “quando não sabem, inventam”.

Diálogo e cultura porque há que ter em conta que a responsabilidade é sempre nossa em tudo aquilo que vier da interação com o sistema de IA. Para o orador o “princípio do diálogo” com a ferramenta “é extremamente importante”, para aumentar a qualidade das respostas. Já a cultura e o conhecimento do utilizador valida (ou não) a informação que o sistema lhe dá.

António Dias de Figueiredo entende que quando o utilizador comum começa a usar ferramentas de IA, começa “a ver o mundo de outra maneira” não precisando de usar o telescópico que o fez ver o infinitamente longínquo nem o microscópio que lhe deu o infinitamente próximo. A IA tem acesso a imensos bancos de dados de tudo o que está no mundo digital.

O ex-docente da FCTUC contou à RUC que no mundo da IA há instituições e grandes plataformas com sistemas robustos, alguns deles fechados, outros com acesso pago. Na investigação científica existem sistemas de IA que para serem usados obrigam a pagar 20 mil euros por mês, valor que não consegue ser pago por muitas instituições. Em consequência as desigualdades podem vir a aumentar também neste campo.

A esperança vem do trabalho em rede. António Dias de Figueiredo deu o exemplo da Noruega em que um grupo de jornais se uniu para usar os seus bancos de dados de forma inteligente e coletiva.

O professor deu-nos também o ponto de situação da IA em Portugal.

A Educação é um dos campos em que orador prevê necessidade de mudança. O modelo expositivo, habitual já não está em consonância com os desafios que a IA coloca. O especialista propõe o uso da pedagogia de projeto e da socialização. “Aprendemos muito conversando uns com os outros”, disse.

António Dias de Figueiredo entende que os professores vão ter um papel cada vez mais importante e que a profissão não vai desaparecer, no entanto, terá de se preparar para usar outros métodos de ensino.

Pode ouvir a conversa do orador com a RUC no ‘podcast’ do início do artigo.

Fotografia: Biblioteca Carlos Fiolhais

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