Sub-representação, pluralidade e património: o debate entre candidatos de 1º e 2º Ciclos ao CG/UC
Temas como as condições de ensino, a transição digital, a ação social e a diversidade estudantil foram prementes na hora de discussão de ideias. A necessidade de mais assentos para a representação dos estudantes no Conselho Geral da Universidade de Coimbra (CG/UC) uniu os candidatos.
O debate entre as listas candidatas ao Conselho Geral da Universidade de Coimbra (CG/UC) de 1º e 2º ciclos de estudo teve lugar ontem, dia 5 de dezembro, pelas 21 horas. No Auditório da Reitoria, Alexandre Alho pela lista D, Tomás Coelho pela lista T e José Machado pela lista C expuseram as suas ideias sob a moderação do professor e pró-reitor da UC Paulo Peixoto.
Melhorar a qualidade do ensino
Após a apresentação inicial dos candidatos, o debate focou-se nas sugestões de melhoria na qualidade do ensino promovido pela Universidade de Coimbra. Nesta questão, Alexandre Alho avançou com uma crítica à elevada “taxa de endogamia” na UC e afirmou que é necessária a atualização dos métodos de ensino. O porta-voz da lista D sugeriu o reforço dos programas de mobilidade dos professores, bem como o convite de outros vários à Universidade para encorajar uma maior partilha de ideias.
O estudantes tocou, ainda, em pontos como a “digitalização da Universidade” adaptada às várias faculdades, o problema da “atratividade e retenção” de estudantes, consequência do “tecido empresarial da cidade”, e a carência de oportunidades de emprego em Coimbra.
Também Tomás Coelho apoiou a proposta de “transição digital do ensino”. Na visão do candidato, é necessário rever os estatutos da UC no “ponto do regime obrigatório presencial nas aulas” e encorajar a amplificação do sistema híbrido. O estudante sustentou o seu argumento nos benefícios que a mudança traria para os estudantes trabalhadores e para os alunos “com condições económicas desfavoráveis”.
A lista T quer também “universalizar os programas de tutorias, que já existem em algumas faculdades”, de forma a ajudar à integração dos estudantes internacionais e dos alunos no 1º ano de licenciatura e mestrado. No que toca ao método de ensino, Tomás Coelho sugeriu uma “revisão dos planos de estudo”, com, por exemplo, a “inclusão de cadeiras de metodologia de investigação” no último ano.
Por seu lado, José Machado defendeu que é preciso “repensar os modelos de ensino e de avaliação”. O candidato reforçou a heterogeneidade da comunidade de estudantes e defendeu que é imperativo “dotar o corpo docente e discente de ferramentas”.
Desta forma, o candidato espera que a UC seja capaz de alcançar melhores resultados e tornar-se “mais atrativa”.
Ação social: habitação, alimentação e inclusão
No que concerne aos apoios sociais da UC, Tomás Coelho começou a sua intervenção a pugnar pela necessidade de existirem mais cantinas. Sugeriu “fazer-se um levantamento dos espaços da UC que estão inutilizados” e perceber de que maneira podem ser revitalizados para combater a carência. O candidato propôs, também, a “construção de novas residências universitárias” e a renovação das infraestruturas.
Quanto à integração estudantil, Tomás Coelho defendeu a “revitalização dos espaços da UC” de forma que sejam mais acessíveis.
José Machado sublinhou que “a UC deve conseguir promover a igualdade de oportunidades”. O candidato dedicou o início da sua intervenção à saúde mental e à problemática da falta de psicólogos.
“Embora tenham sido aprovados os planos de execução das duas residências aprovadas para construção há dois anos, as mesmas ainda não foram construídas” lembrou o candidato. A par deste atraso, José Machado afirmou que “as residências estão degradadas” e é necessária a sua reestruturação. Considerou, também, indispensável a “consolidação e implementação de ação social no polo da Figueira da Foz”.
Alexandre Alho escolheu começar o seu tempo com um exemplo das condições do Auditório da Reitoria, onde decorria o debate. Nas suas palavras, “é o reflexo do estado do património da UC”.
A lista D propõe a requalificação das residências universitárias até 2034 e “do quarteirão da Associação Académica de Coimbra (AAC)”. No que toca à habitação, o candidato sugeriu “a criação de uma plataforma entre o Conselho Geral da UC, a Câmara Municipal de Coimbra e a AAC que dê visibilidade aos senhorios que têm contrato de arrendamento”. Alexandre Alho entendeu, também, que um mecanismo de doação para o Fundo de Ação Social Luís Gomes pode ser benéfico para a ajuda social. E, em concordância com os seus adversários, também o estudante concordou com abertura de mais cantinas e a “reorganização das que já existem”.
Vozes dos estudantes no CG/UC
O Conselho Geral da Universidade de Coimbra guarda lugar para 5 estudantes que representem os interesses desta comunidade, tanto de 1º e 2º ciclos, como de 3º ciclo. No entanto, é transversal aos candidatos a necessidade de existir mais representatividade estudantil no CG/UC e, para isso, todos apelaram à revisão do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES).
Complementarmente, José Machado sugeriu outras formas de aproximação do CG/UC à comunidade estudantil, como a dinamização de plataformas online ou de fóruns trimestrais para a discussão de problemáticas.
Para Alexandre Alho, a melhoria da comunicação entre estudantes conselheiros e corpo estudantil passa pela “prestação de contas” e a transparência nos resultados.
Tomás Coelho falou em “governação participativa” e recomendou a “reativação da página oficial dos conselheiros de 1º e 2º ciclo”, mas destacou a importância da auscultação direta dos estudantes.
Matematicamente, a representação estudantil no CG/UC é de aproximadamente 14%. Nos últimos dois anos, esses lugares foram divididos, com quatro assentos para os conselheiros de 1º e 2º ciclos e um assento destinado ao 3º ciclo.
Uma comunidade diversificada
O professor Paulo Peixoto dedicou a última questão à pluralidade de estudantes que compõem a Universidade de Coimbra. Em cima da mesa, estavam as formas de incluir todos os estudantes no seio académico – os com necessidades educativas, os internacionais, os deslocados ou os em condições sócio-económicas desfavoráveis.
Alexandre Alho defendeu que a palavra-chave é “cultura”. O candidato afirmou que a UC deve ter um papel ativo na “valorização da cultura”, ao criar, por exemplo uma agenda cultural abrangente.
“É premente tomarmos uma posição central no debate da diminuição da propina internacional”, começou Tomás Coelho. O estudante sublinhou que a atração de estudantes internacionais pode, também, promover o comércio local.
De forma a fomentar a cooperação com as entidades culturais e desportivas, a lista T sugere o estabelecimento de protocolos de promoção e valorização dos estudantes inseridos nestas áreas.
Já José Machado evidenciou que os estudantes com necessidades especiais “passam ao lado da UC” e que é preciso dar-lhes atenção.
Os estudantes internacionais “pagam 10 vezes mais” do que os nacionais, disse o candidato, e afirmou que “há que pugnar pela redução gradual e sustentável desta propina”.
Ato eleitoral a 10 de dezembro
Assim se deu o debate dos candidatos do 1º e 2º ciclo ao CG/UC. Finda hoje a semana de campanha e o ato eleitoral realiza-se a 10 de dezembro.