“Sempre”, filme de filmes, vence Grande Prémio do Festival Caminhos do Cinema Português
O filme de Luciana Fina foi o grande vencedor do Festival Caminhos do Cinema Português. Realizadora italiana a viver em Portugal há 30 anos aborda tempos antes e depois da revolução do 25 de Abril de 1974 através de pedaços de filmes de arquivos públicos e privados.
Não estão presentes “coronéis” nem os discursos dos políticos, “é um filme que olha mais para as pessoas, para a multidão, para o indivíduo, para os momentos simples e grandes dessa revolução”, contou à RUC a realizadora.
Luciana Fina desenhou uma estratégia capaz de pensar e celebrar a invenção do futuro. A realizadora admira o cinema de António Campos, um realizador “absolutamente independente” que se atreveu a realizar no tempo do Estado Novo “A invenção do Amor”, filme de 1965, com título inspirado no poema de Daniel Filipe.
Para a realizadora o trabalho agora premiado tem a ver com a memória, mas “não é algo que nos coloca no passado” e sim “acontece no presente e é um acontecimento”.
Colocar todos nós perante essa ideia de que “sempre podemos inventar o futuro”, foi o que pretendeu, esclarece.
O prémio foi para a realizadora “uma belíssima surpresa” que lhe trouxe “um forte sentimento de pertença” uma vez que vive em Portugal há 30 anos.
Tiago Santos, diretor do Caminhos, agradeceu todos os apoios, entre eles o das Câmaras Municipais de Coimbra, Penacova e Mealhada e das Uniões de Freguesia de Coimbra e Eiras e São Paulo de Frades.
Ao ICA, o Instituto do Cinema e do Audiovisual, Tiago Santos deixou um apelo.
“Play it Again, Yuki”, filme de João Ganho, foi a escolha do público. O realizador demorou a conseguir apoios para terminar o filme e apenas a insistência da companheira permitiu terminá-lo.
“Estamos no Ar”, de Diogo Costa Amarante, foi a fita que mais galardões recebeu: o prémio de melhor ficção e ainda as interpretações principal e secundária nas pessoas de Sandra Faleiro, Valerie Braddell, respetivamente.
A “Pedágio” de Carolina Markowicz foi atribuído o prémio de melhor longa-metragem. Na fita participou o ator português Isac Graça. “Grand Tour” de Miguel Gomes, premiado em Cannes, arrecadou o prémio de melhor fotografia para Rui Poças.
A 30.ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português acolheu 97 filmes e atribuiu prémios em todas as áreas, entre elas realização, argumento, figurino, caracterização, representação, som.
Pode ouvir a conversa de Luciana Fina com a RUC no ‘podcast’ do início do artigo.