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06.07.2024POR Informação RUC

Atribuição da Medalha de Mérito à ADAV gera revolta em Coimbra

A atribuição de uma Medalha de Mérito à Associação Social de Apoio e Defesa da Vida (ADAV) pelo executivo de Coimbra gerou revolta entre mulheres e ativistas. Protestantes defendem os direitos de todas as mulheres independente das suas escolhas pessoais.

A Câmara Municipal de Coimbra atribuiu uma Medalha de Mérito à ADAV no passado dia 4 de julho, aquando da Sessão Solene em comemoração do dia da cidade. A Associação Social de Apoio de Defesa e Apoio da Vida descreve-se como “uma instituição que defende o apoio à família, a defesa e promoção da vida humana e da dignidade da mulher”, mas tem vindo a sofrer críticas em relação ao seu posicionamento quanto à interrupção voluntária da gravidez. Na última Assembleia Municipal, vários deputados discordaram com esta distinção, alegando tratar-se de uma associação que se afirma contra o aborto e a eutanásia.

Na tarde do dia da cidade de Coimbra, vários manifestantes reuniram-se para protestar contra a atribuição da Medalha de Mérito à associação. A RUC, falou com Catarina Isabel Martins, ativista e professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que partilhou a revolta de várias mulheres.

Segundo Catarina Martins, a associação tem uma “agenda homofóbica, transfóbica e misóginia” e que no plano educativo partilhado ao longo dos anos letivos nas escolas, comunica aos jovens informações como a escolha pela interrupção voluntária da gravidez ser correspondente a um assassinato, e que o uso de métodos contracetivos básicos, como a pílula ou o dispositivo  intrauterino em caso de jovens adolescentes violadas, não são uma opção. 

Em 2007 houve um referendo em que  a população conimbricense teve a oportunidade de exprimir a sua opinião acerca da interrupção voluntária da gravidez. Mais de metade da população votou pelo sim à despenalização  do aborto, para que possam haver mulheres que em certas situações possam escolher interromper a gravidez sem serem consideradas criminosas.

“Quando o executivo atribui uma medalha de mérito à associação em causa, está a dizer que Coimbra aprova a ideologia, no entanto a cidade diz que não aprova, a cidade apoia e defende que qualquer mulher tem o direito à sua escolha sem por isso ser criminalizada”, defende a ativista.

As protestantes estão presentes em nome de “todas as mulheres, em nome das mulheres pobres, as mulheres migrantes e das mulheres racializadas ” que não têm a opção de abortarem em clínicas privadas ou em outros países. As protestantes querem garantir para todas as mulheres “o direito a uma maternidade livre e segura”, e acesso a contracetivos para as jovens.

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