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Mudanças nas narrativas pós-revolução em análise na FLUC

A linguagem no antes e pós ditadura, o impacto da revolução em Espanha, as narrativas dirigidas à geração mais jovem e a repercussão do colonialismo português foram temas de discussão durante a tarde desta quinta-feira.

Decorreu hoje, no anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), o “Colóquio Narrativas da Revolução”, evento para celebrar os 50 anos do Dia da Liberdade.  O programa, dinamizado pelo Centro de Literatura Portuguesa da FLUC e pelo Centro de Estudos Interdisciplinares, contou com uma conferência e uma mesa redonda.
Carlos Reis iniciou o colóquio com a conferência de abertura, onde abordou a revolução projetada por uma linguagem poética, esclareceu o conceito de revolução e mencionou algumas obras em que se verifica a mudança de linguagem no antes e pós 25 de abril, entre as quais “Delfim”, “A costa dos murmúrios” e “Os memoráveis”.

Na mesa-redonda, moderada por Maria Helena Santana, professora associada da FLUC, participaram Antonio Saez Delgado, Maria da Natividade Pires e Doris Wieser.
Professor na Universidade de Évora e crítico do jornal “El País”, Antonio Saez Delgado, apresentou várias obras de Literatura Ibérica no espelho da revolução portuguesa. “Portugal, Sim”, “Mar Revolto” e “As cinzas de Abril” foram algumas das obras escolhidas pelo professor para exemplificar os momentos em que a literatura do país vizinho mencionou a Revolução dos Cravos. Segundo Antonio Saez Delgado, o dia 25 de abril de 1974 teve uma grande influência para a queda da ditadura em Espanha.

Maria da Natividade Pires, docente no Instituto Politécnico de Castelo Branco e investigadora no Instituto de Estudos de Literatura e Tradição, mostrou como a literatura infantojuvenil com o tema do Dia da Liberdade, tem, na maior parte das vezes, uma narrativa histórica e informativa. Em oposição, livros como “O meu primeiro 25 de abril” e em “25 de abril – No princípio era o verbo”, a experiência pessoal e a dimensão humorística são utilizadas para envolver o leitor na história. “Romance do 25 de Abril” e “Aquele Natal inteiro e limpo” são obras em que é utilizada a cor para estabelecer contraste entre as duas épocas. A professora destaca a importância da dimensão emotiva para a aproximação com a geração mais jovem.

Natural da Alemanha e professora auxiliar na FLUC, Doris Wieser apresentou uma análise do conto “Pekadur di Sambasabi”, da obra “Quando os Cravos Vermelhos cruzaram o Geba”. Da autoria de Tony Tcheka, o conto denuncia o colonialismo português, o governo guineense pós independência e a rigidez da cultura tradicional local, durante a Revolução dos Cravos. A investigadora menciona as tragédias que aconteceram durante este período, a tentativa de ajuste de contas com diversas entidades e a ausência de esperança por solução.

No final da mesa redonda, houve tempo para perguntas e troca de ideias entre público e oradores. O Colóquio continua com atividades amanhã, sendo a cerimónia de encerramento às 16h30.

Foto: RUC

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