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Alberto Martins destaca valores de abril em palestra na Escola Secundária D. Duarte

O antigo presidente da DG/AAC partilhou com os alunos os acontecimentos que desencadearam a ação do “Peço a Palavra” e salientou valores praticados durante a luta estudantil.

Na passada quarta-feira, a Escola Secundária D. Duarte recebeu Alberto Martins para uma palestra acerca dos valores e ideias que inspiraram o movimento do 25 de Abril. O evento, que teve lugar no ginásio da instituição de ensino, iniciou com a entoação da música “Grândola, Vila Morena”, por um grupo de alunos da escola. Procedeu-se a uma breve introdução do tema e apresentação do convidado, pelo presidente da associação de estudantes da Escola Secundária D. Duarte.
No seu discurso, Alberto Martins descreveu os momentos-chave que desencadearam a ação de pedir a palavra no dia 17 de abril de 1969. O antigo dirigente da Associação Académica de Coimbra (AAC), explicou que o contexto político e social português no período da ditadura dificultaram a luta dos estudantes de Coimbra, tornando-a “mais longa, dura e massiva”. Por não terem liberdade para discutir acerca dos problemas estudantis, os jovens acordaram, na noite do dia 16 de abril, que Alberto Martins iria pedir a palavra durante a inauguração do edifício das matemáticas, após o período de intervenção dos ministros. O antigo presidente da Direção-Geral (DG) da AAC, revela que se sentiu “ansioso” nessa noite.


No dia 17 de abril, Alberto Martins estava decidido a intervencionar “da forma mais correta possível”, para evitar ser detido pela PIDE. O auditório em que decorreu a cerimónia encheu-se de alunos da academia e o antigo presidente da DG/AAC confessa que os colegas lhe deram “força” para pedir a palavra. Ao levantar-se, projectou a voz “com convicção” e pediu para falar, o que o levou a ser acusado de ofensas à honra e às considerações de vida do chefe de Estado, e ser preso na madrugada do dia seguinte.

A partir do dia 17 de abril de 1969, houve um desencadear de acontecimentos cidade, mas também a nível nacional. Os estudantes de Coimbra fizeram greve às aulas e, no dia 30 de abril, o Ministro da Educação fez um comunicado na televisão acerca do que se estava a passar na cidade dos estudantes. Alberto Martins revela que o ministro assegurava aos “estudantes e pais que a ordem na cidade ia ser restabelecida”.

Mas não foi isso que aconteceu.  A Queima das Fitas foi dissolvida e procedeu-se à convocação de uma Assembleia Magna que teve adesão de mais de 3000 estudantes, onde foi aprovada a moção para a greve aos exames. Na manhã do início da época de avaliações, a polícia proibiu “ajuntamentos de mais de uma pessoa” nas ruas e prendeu vários jovens.

Alberto Martins salientou a importância dos convívios dos alunos para a dinamização dos movimentos estudantis e destacou os valores da liberdade, solidariedade e fraternidade como mote para a mudança.

A palestra terminou com uma sessão de perguntas dos alunos, onde foram abordados temas como a importância da rádio durante a revolução, o combate às desigualdades sociais e os problemas atuais do ensino superior.

Foto: RUC

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