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Queima do Facho atrai diferentes gerações à Sé Velha para celebrar Abril

Uma multidão de gente jovem e menos jovem encheu o Largo da Sé Velha para cantar “Grândola Vila Morena” com o Coro das Mulheres da Fábrica acompanhado com percussão do Bloco do Beco

As comemorações populares dos 50 anos do 25 de Abril viveram momento alto na habitual Queima do Facho, ontem, no Largo da Sé Velha. No Ateneu de Coimbra respirava-se ambiente de festa. Um cidadão descreveu para a RUC algumas “das portas que Abril abriu”.

Na sociedade atual têm-se manifestado vozes saudosistas do Estado Novo, tempo que muitos não viveram. O cidadão que encontrámos no Ateneu enumera algumas das dificuldades sentidas ao tempo, em especial pelas mulheres que dependiam da autorização do marido ou do pai para as coisas mais simples.

A censura prévia incidia sobre trabalho jornalístico até 25 de Abril de 1974. Noticiar com verdade era uma tarefa bem complicada. Mesmo em notícias de casos de polícia, o lápis azul da censura fazia-se sentir. Cinquenta anos depois, “este é o dia em que todos os que amem a liberdade, a democracia e a paz devem celebrar”, disse o nosso entrevistado.

Após Abril, “houve um período em que a utopia parecia estar ao alcance da mão”, afirmou o entrevistado, adiantando que, nesse tempo, ninguém adivinharia “que a sensibilidade ideológica do mundo pudesse mudar como mudou”.

O muito que há ainda por cumprir não invalida as conquistas, entretanto conseguidas, por exemplo, na saúde materno-infantil. Aquilo que são direitos garantidos a toda a gente hoje, como o acesso ao Serviço Nacional de Saúde, antes de Abril de1974, “eram impensáveis”.

Como nos lembrou o entrevistado, citando Miguel Torga, viviam-se tempos em que muitos nasciam, viviam e morriam sem nunca terem sido assistidos por um médico.

Nas ruas que dão acesso à Sé Velha encontrámos Francisco Paz que nos contou uma história do próprio dia 25 de Abril de 1974 vivida na primeira pessoa.

Uma senhora que em 25 de Abril de 1974 tinha apenas  dez anos e frequentava a Eugénio de Castro também nos deu o seu testemunho.

José Manuel Pureza, professor catedrático de Relações Internacionais na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, revelou em sessões públicas anteriores que em 25 de Abril de 1974 estava em casa da família Gouveia Monteiro. Para a RUC lembrou o que falta cumprir de Abril.

A Queima do Facho decorreu como habitual, com o  cartolado a desfalecer no meio de labaredas, apupos e palavras de ordem como “25 de Abril Sempre, Fascismo nunca mais!”.

Fotografias: RUC@Inês Sampaio

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