Investigação da UC cria terapêutica que pode vir a melhorar vida de pacientes com doença de Machado-Joseph
Equipa da Universidade de Coimbra cria células que podem vir a permitir tratamento de longa duração, para a doença de “Machado-Joseph”, doença rara e genética, que afeta o cérebro humano.
A criação de células estaminais a partir da pele de pessoas com a doença de Machado-Joseph, faz crescer a esperança de melhorar a vida destes pacientes. A doença é rara, herdada dos pais e “altamente incapacitante”, esclarece a investigadora do Centro de neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (UC), Liliana Mendonça.
Na atualidade a doença ainda não tem tratamento. A criação de células estaminais implantadas no cerebelo de modelos animais permite especular sobre a possibilidade de este tipo de terapia ajudar doentes humanos com a doença. Liliana adianta preocupações e efeitos secundários possíveis.
A extração de células da pele dos doentes poderá traduzir-se “numa maior aceitação do transplante”, uma vez que as novas células serão implantadas no cerebelo dos pacientes. No entanto, ainda não existe previsão do início dos testes clínicos em doentes com Machado-Joseph. O investimento em recursos humanos e financeiros é que vai permitir avançar, esclarece Liliana Mendonça.
No estudo foi observado “que as células estaminais humanas sobreviveram até seis meses após transplante no cerebelo do modelo animal, tendo-se diferenciado em células da glia [células do sistema nervoso central que desempenham diversas funções, apoiando, nomeadamente, os neurónios] e neurónios”, avança a UC em comunicado.
A investigadora adianta que esta descoberta poderá dinamizar outras doenças neurodegenerativas.
Os passos seguintes passam por “desenvolver estratégias para melhorar a migração das células e, em seguida, a sua diferenciação em neurónios cerebelares, após transplante para o cérebro”.
No estudo participaram outros investigadores da UC: Luís Pereira de Almeida, Daniel Henriques, Vanessa Fernandes, Ricardo Moreira, João Brás e Sónia Duarte.
A investigação contou ainda com a colaboração do investigador do Centro de Biomedicina de Sistemas do Luxemburgo, Jens C. Schwamborn.
Ilustração: UC@Rita Félix