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10.04.2024POR Inês Santos

TEUC apresenta “Resistência: O nosso poema é um tríptico”: um retorno ás lutas do passado com um olhar no presente

Fruto da formação oferecida pelo TEUC, sete corpos interpretam, em palco, um “grito” de resistência contra o fascismo. As lutas do século XX em Portugal, no Brasil e em Itália são o epicentro do argumento.

“Resistência: O nosso poema é um tríptico”, é a mais recente produção do Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) com encenação e texto de Maria Quintelas. Inserida no exercício final da turma de formação de teatro universitário 2023/2024, esta é uma peça com estreia marcada no dia 10 de abril.

Em conversa com a RUC, João Pedro e Maria Vitória Valle, integrantes da turma de formação de teatro universitário do TEUC desde outubro de 2023, refletem sobre as temáticas, que a peça trás ao de cima e sobre as suas experiências nas paredes do TEUC.

São três os acontecimentos que dão origem à trama da peça, transformando-a num tríptico. No epicentro estão os tempos de revolução contra os regimes ditatoriais e fascistas.

No primeiro poema Portugal, mais concretamente Coimbra surge em cena aliado ás restantes lutas. A rejeição de Américo Tomás ao “Peço a palavra!” proferido por Alberto Martins é a chave para o início da crise académica de 17 de abril de 1969. Esta luta estudantil, só sessou com o erguer dos cravos na revolução de abril de 1974.

A Passeata dos Cem Mil, ocorrida em 26 de junho de 1968 no Brasil, surge no segundo “ato” como uma manifestação popular, organizada pelo movimento estudantil, contra a ditadura militar brasileira.

E numa terceira parte o corpo teatral transporta o auditório para Itália, mais concretamente até 25 de abril de 1945. Os partigiani foram os protagonistas do fim do fascismo e da libertação do país da ocupação nazi.

Assim, sete atores/alunos, pedem a palavra e enunciam em voz alta, no palco, estas três histórias partilhadas nas veias de vários alunos da formação com nacionalidades, Italiana, Brasileira e Portuguesa, afirma João Pedro.

A atualidade vem ao de cima nesta narrativa, criada por Maria Quintela, com o contexto político atual, as comemorações dos 50 anos do 25 de abril e o crescimento de movimentos políticos de extrema direita pelo mundo fora, denota Maria. Assim, é com estas histórias e com um olho nos dias de hoje, que os formandos tencionam dar voz sobre estes problemas e sobre as lutas passadas que os travaram. A história, ao não poder ser reescrita, é importante que continue a resistir a estes problemas, como o título da peça traduz, realça a aluna.

No que toca ás expetativas da estreia, que tem lugar no dia 10 de abril, Maria Vitória começa por afirmar que espera que o tema e as problemáticas interpretadas na peça trespassem as paredes da sala de espetáculo para a vida do público.

O pensar sobre este tipo de acontecimentos é importante, para que a noção de resistência contra os extremos, permaneça nos dias que correm e no futuro, afirma.

Em forma de adição, João Pedro, descreve por palavras um dos momentos da peça. Um dos atores encontra-se presente em palco a recordar as memórias de uma vida passada.

Uma forma bela de reavivar a memória e de lembrar que os direitos que nos assistem nunca estarão completamente garantidos é necessário continuar na luta pela resistência, enaltece o ator.

Ambos os entrevistados provêm de outras vertentes da arte, João da música e Maria Vitória, autora do cartaz da peça, da pintura. Neste curso do organismo autónomo, eles viram uma oportunidade de não se esconderem atrás do instrumento e do pincel, respetivamente.

Esta formação diverge segundo a mudança de presidente do TEUC, afirmam. No entanto, este ano letivo, segundo o depoimento e experiência de João e Maria, a formação contou com seis workshops que têm em vista trabalhar a performance em palco, a leitura, o corpo, a atuação, a palavra, entre outros meios de prática teatral.

Apesar de ser curta é muito intensa contando com 4 horas durante todos os dias úteis de trabalho. Cada aula e apresentação ao público é transformadora para os alunos, pois abrange várias disciplinas importantes da arte do teatro, refere João.

Assim para os interessados nesta formação do TEUC, as inscrições estão abertas a partir de setembro do próximo ano letivo.

O teatro de bolso do TEUC abre as portas à Resistência no dia 10 de abril e vai estar patente até domingo, dia 14 de abril, sempre pelas 21h30.

O preço do bilhete normal é de 5 euros, já o bilhete reduzido tem um custo de 3 euros, para estudantes, artistas e desempregados. As reservas podem ser feitas a partir do e-mail, [email protected].

Fotografia: cartaz da peça com ilustração e desenho gráfico de Maria Vitória do Valle

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