Política Aberta ajuda a conhecer propostas dos partidos políticos
Fazendo uso de Inteligência Artificial e de processamento de Linguagem Natural, o projeto de informática cidadã responde a perguntas sobre conteúdos programáticos dos partidos que concorrem às eleições de 10 de março
A plataforma Política Aberta (PA) nasceu a partir de um encontro fortuito de jovens portugueses que se cruzaram em Munique no seu percurso académico. Conjugaram esforços para disponibilizar uma forma simples e rápida de os portugueses perceberem o que cada partido político propõe para a resolução de problemas com que a sociedade se confronta.
O núcleo inicial da equipa é constituído pelo José Miguel Martinho trabalha na Ethiack, uma empresa de segurança informática ofensiva de Coimbra, uma startup localizada no Instituto Pedro Nunes, pelo Hugo que está a terminar a sua tese de mestrado no Instituto Superior Técnico em Lisboa e o Diogo Soares que está na Alemanha, a estudar em Munique.
Agora juntou-se o Miguel Abelha, que está a trabalhar as redes sociais e o Manuel Coutinho, que entrou um pouco mais tardiamente no projeto, mas também os tem ajudado bastante.
José Miguel Martinho, um dos jovens programadores, contou à RUC que o projeto tem como missão contribuir para o esclarecimento das pessoas.
O interesse pela Inteligência Artificial (IA) e também pelo processamento de Linguagem Natural (Large Language Models ou LLMs), “que estão muito na moda hoje em dia”, levou os três jovens a pensar numa forma de usar os conhecimentos que tinham “para o bem das pessoas”, ou seja “para o bem da população”.
Pensaram reunir todas as informações sobre os partidos políticos em Portugal e tornaram os seus conteúdos mais acessíveis para os cidadãos através da tecnologia.
Qualquer pessoa pode fazer uma pergunta sobre as ideias dos partidos portugueses e a plataforma Política Aberta vai responder.
As ferramentas usadas interpretam os documentos partidários, ou seja, os programas dos partidos e resumem as respostas para os problemas numa linguagem percetível pela máquina.
Quando a pessoa faz a pergunta a plataforma vai ver dentro desses resumos e procurar a resposta. José Miguel Martinho dá o exemplo, – se a pessoa perguntar medidas sobre os transportes, PA vai ver qual desses segmentos, desses resumos, é que fala sobre o assunto.
Uma das preocupações implicou que a plataforma não inventasse respostas, esclarece o programador. Desse modo, quando não existe informação nos documentos, ele deve dizer mesmo “que não sabe responder à pergunta”.
Tem crescido o número de utilizadores, e a presença nas redes sociais. A plataforma foi ao encontro de uma necessidade que existia porque no entendimento de José Miguel Martinho, “ninguém lê os programas partidários, ou pelo menos muito poucas pessoas vão ler todos os programas para ver com qual é que se identifica mais”.
Depois, cada cidadão tem áreas pelas quais se interessa mais e sobre as quais pretende respostas. Para o jovem engenheiro informático, “era preciso aproximar as medidas dos eleitores” e que os próprios partidos, ou a própria Comissão Nacional de Eleições (CNE) deveria “disponibilizar uma coisa destas para as pessoas conseguirem interagir com as suas ideias, com as ideias de cada partido”.
A plataforma é inteiramente grátis para os utilizadores, portanto, as pessoas consultam-na de forma aberta. A equipa suporta os custos do domínio, da hospedagem do sítio web e também os custos das tecnologias de ‘machine learning’ e de inteligência artificial, em que está a ser usado Open AI.
Política Aberta “é inteiramente transparente e o código é totalmente aberto, ou seja, toda a gente tem acesso ao código e toda a gente pode contribuir se quiser modificar o código, toda a gente pode descarregar o código e correr a plataforma no seu próprio computador”, acrescenta o jovem programador.
Quem quiser pode verificar que a Política Aberta não está “enviesada”, enfatiza. Uma das coisas que a equipa valoriza é “esta transparência e imparcialidade”, conclui. E já estão a pensar em novas funcionalidades…
Pode ouvir toda a entrevista no ‘podcast’ do início do artigo
Fotografia: RUC