Artur Jorge, ex-jogador da Académica, morre aos 78 anos
Francisco Andrade descreve Artur Jorge como um dois maiores atletas que já passaram pela cidade de Coimbra. Mário Campos destaca a velocidade e o cabeceamento do ex-jogador.
Faleceu nesta madrugada o antigo jogador e treinador de Académica, Artur Jorge, aos 78 anos, vítima de doença prolongada. O atleta, conhecido pelo seu “pontapé-moinho”, chegou a Coimbra proveniente do FC Porto em 1965 e ficou até 1969, onde disputou 112 partidas e marcou 94 golos.
Depois da sua passagem por Coimbra destaca-se a passagem pelo Benfica e pelo FC Porto, já como treinador, clube onde chegou ao topo da Europa ao vencer a Taça dos Campeões Europeus, atual Liga dos Campeões. Em 2002/2003 acabaria por regressar a Coimbra para treinar a Académica, onde a salvou da descida de divisão.
Francisco Andrade, treinador de Artur Jorge na Académica na época 1968/1969, descreve-o como um dois maiores atletas que já passaram pela cidade de Coimbra.
Ativista, responsável, e homem de cultura (tirou o curso de Filologia Germânica) são atributos que caracterizavam Artur Jorge, segundo o treinador que destaca também as suas capacidades dentro de campo.
Já Mário Campos, colega de equipa na Briosa, fala de Artur Jorge como um ponta de lança veloz, valente, forte e lutador, com um “excecional” cabeceamento. Como pessoa, defino o ex-jogador e treinador como um rapaz discreto e culto.
Mário Campos recordou o último jogo da época em que Artur Jorge salvou a Briosa da descida de divisão, onde exigiu que o jogo fosse realizado em Taveiro porque no local os adeptos estariam mais próximos da equipa para a apoiar, um pormenor que afirma mostrar toda a sua inteligência e capacidade.
Em 1966/1967 foi o 2º melhor marcador do campeonato português, logo atrás de Eusébio. O jogador do Benfica ganhou a bola de prata e Mário Campos conta que o jogador da Académica recebeu o prémio “vencedor da bola corrida”, prémio que foi dado por sócios da Académica devido ao facto de Eusébio ter marcado vários golos de penalidade ao contrário de Artur Jorge, que marcava a maioria dos seus golos de bola corrida.
Mário Campos recordou o facto do prestígio de Artur Jorge ser tão elevado que numa época a Académica recebia vários postais a pedir a suas fotografias e a direção resolveu pagar essas fotografias e arranjar mais fotografias em menos quantidade para os outros jogadores. “Era um menino muito apreciado pelo sexo feminino”, recorda.
Artur Jorge ficou conhecido também pela célebre frase que disse a um jornalista durante uma época de exames: ”Título? Qual título? Eu tenho um exame de Alemão amanhã”, declarações que na época foram capa de vários jornais e que representa a vida dos jogadores da Académica na época que também eram estudantes.
Artur Jorge foi o primeiro presidente do Sindicato de Jogadores e escreveu um livro de poesia, intitulado de “Vértice da água”.
Fotografia: Observador