Câmara de Coimbra reconhece 36 novas áreas para fazerem parte da Rede Municipal de Microrreservas
Escravote, Mata de Santa Catarina, Mata da Senhora da Alegria, Copeira e Quinta da Urgeiriça são consideradas prioritárias. “Vontade não falta, vamos empenhar-nos para ser possível”, afirma José Manuel Silva, presidente do Município
Muitos dos 36 sítios, agora identificados “estão bem conservados” e são importantes do ponto de vista ecológico mas também do ponto de vista social, segundo Pedro Gomes da Mil Voz – Associação de Proteção e Conservação da Natureza. A conferência de imprensa de divulgação do estudo realizou-se ontem, dia 30 de janeiro, na Junta de Freguesia de São João do Campo.
A Câmara de Coimbra, em colaboração com a MilVoz, identificou 36 “’hotspots’ de biodiversidade”, ou seja, áreas com maior “valor biológico no concelho”, esclareceu Manuel Malva, um dos elementos da Organização Não Governamental de Ambiente que marcou presença.
Foram identificados cinco áreas em que a intervenção vai ser prioritária por serem “as mais sensíveis”. São elas Escravote em Eiras, onde na floresta laurissilva predominam loureiros; Copeira em frente ao Rebolim predomina a mata de caráter atlântico com uma população de corsos “muito bem estabelecida”, segundo Manuel Malva.
Já na Mata de Santa Catarina entre Várzeas e Lordemão dominam os carvalhos e os sobreiros. A Quinta da Urgeiriça perto de Castelo Viegas é outro lugar prioritário. A Mata da Senhora da Alegria, entre Almalaguês e Rio de Galinhas, gerida pela Associação MilVoz, onde existem espécies raras, pode ser um modelo a replicar, adianta Manuel Malva.
O planeamento e estudo das 36 novas áreas para integrarem a Rede Municipal de Microrreservas foram concluídos. Essas áreas passarão por intervenções, incluindo a remoção de espécies invasoras e outros trabalhos, com o objetivo de criar condições operacionais até o final de 2025.
A Câmara Municipal está também a procurar linhas de financiamento em projetos europeus e no PT 2030. A Mata da Geria, um dos 36 locais da rede, é de gestão camarária. Com a Associação MilVoz, o Município candidatou-se a fundos da Gulbenkian, adianta o vereador do Ambiente.
Uma notícia (sobre a Mata da Geria) que sensibilizou Dinis Pereira, presidente da Junta de São João do Campo, que “há anos” espera acordo e colaboração para a limpeza da Mata da Geria.
Para Pedro Gomes, o estudo contemplou a identificação de locais escondidos e desconhecidos e as imagens de satélite foram importantes para os detetar. Foi dada prioridade aos habitat mais escassos e maiores. Também consideraram a existência de espécies raras e níveis de ameaça tais como a pressão urbanística e o risco de incêndio.
O presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, congratula-se pela maioria dos ‘hotspots’ estarem em terrenos de natureza pública e compromete-se a que a revisão do PDM evite que sejam destruídos por interesses comerciais ou outros.
Para além dos novos locais, os objetivos da rede passam pela inclusão do núcleo central na Reserva Natural do Paul de Arzila, das matas nacionais do Choupal e de Vale de Canas; matas da Geria, S. Silvestre e S. Martinho de Árvore; Jardim Botânico da Universidade de Coimbra; Parque de Santa Cruz; Jardim Quinta das Lágrimas, entre outros. O executivo camarário aprovou a Rede Municipal de Microrreservas de Coimbra em 7 de junho de 2022.
São os seguintes os 36 novos locais identificados:
Fujaca, Vale de Cavalos, Rio dos Fornos, Quinta do Resmungão, Vilarinho de Cima, Quinta da Madre de Deus, Quinta da Pedrancha, Quinta Senhora da Piedade, Escravote, Vale do Seixo, Mata de Santa Catarina, Mata da Geria, Ingote, Quinta Grande, Vale de Figueiras, Penedo da Meditação, Quinta de São Domingos, Mata da Escola Agrária, Quinta da Raposa, Carrascal da Várzea, Lajes – Quinta da Nora, Pinhal de Marrocos, Quinta da Bica, Copeira, Mata de São Jorge de Milreus, Quinta da Urgeiriça, Palheira, Quinta da Fonte de Canas, Vale de Cântaro – Abrunheira, Bera, Morena, Sobreirinhas, Senhora da Alegria, Serra de São Domingues, Choupanas e Monforte.
Fotografia: CMC