Greve dos trabalhadores do Grupo Global Media muito perto dos 100%
Com órgãos tão conhecidos como Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo, TSF, entre outros, o impacto do Grupo Global Media no panorama comunicativo do país é inegável e a greve afetou todos eles
Entre outras, o pagamento de retribuições em falta, o termo imediato aos processos de cessação de contratos de trabalho, investimento e melhoria das condições de trabalho e o reforço de recursos humanos em órgãos como a TSF, são algumas das principais reivindicações dos sindicatos organizadores desta greve.
Num balanço geral, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual, Francisco Gonçalves, mostra-se satisfeito com a adesão próxima dos 100%, por todo o país.
Segundo o sindicalista, a percentagem de adesão mais baixa verificou-se na Região Autónoma dos Açores, com o pagamento de salários já realizado aos trabalhadores do Jornal Açoriano Oriental.
Quanto a uma possível intervenção do Governo na resolução do conflito, o dirigente vê-a como um cenário improvável, devido à cada vez mais próxima dissolução da Assembleia da República, lembrando as eleições já marcadas para o dia 10 março.
No entanto, aponta para a ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) a responsabilidade do acompanhamento e averiguação de medidas a serem tomadas, sublinhando a necessidade de responsabilização, sobre os quase 600 postos de trabalho em risco.
Já sobre o possível impacto da tentativa de compra falhada, por parte do Governo, da participação do grupo Global Media na agência de notícias Lusa, o que representou uma não entrada de 2,5 milhões de euros no grupo, Francisco Gonçalves vê-a como “paliativos, usados como arma de arremesso”, assim como o argumento da linha de crédito congelada pelo banco Atlântico Europa.
Ambos os argumentos atirados de um lado para o outro, entre administradores.
Quanto a uma opinião sobre uma possível origem de todos os problemas económicos, Francisco Gonçalves desvaloriza as justificações dadas pela atual administração para o estado da empresa, classificando-as como um simples”passa culpas” entre os atuais e os antigos administradores.
Classifica a criação de um “ambiente hostil” por parte da administração, como uma tentativa de fazer com que os trabalhadores “…saiam o mais rápido possível, pelo menor custo possível…”, afirma.
O impacto da greve é nacional, mas assim também o é, o impacto que os problemas causados pelo estado económico do grupo têm tido nos trabalhadores. De norte a sul do país, mesmo em localizações em que os órgãos em causa não têm sede, correspondentes têm também sentido as mesmas dificuldades dos seus colegas.
“O país fica mais pobre, as populações ficam mais pobres e a democracia fica amputada…”, assinala Francisco Gonçalves.
Os sindicatos mostram assim a vontade de continuar a luta pelas suas reivindicações sem prazo de fim à vista.
A greve de hoje foi convocada pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte) e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT), abrangendo todos os trabalhadores, independentemente da função.
Segundo a Agência Lusa, o PAN anunciou hoje um debate de urgência no parlamento para quinta-feira, dia 11 de janeiro, sobre a situação do grupo Global Media e do futuro do pluralismo e da liberdade de imprensa em Portugal.