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14.11.2023POR Gonçalo Pina

João Maduro: “O subfinanciamento [do ensino superior] é o inimigo base de todos nós”

Estudante quer honrar herança de abril através da luta estudantil. Ligação a estruturas de outros pontos do país foi destaque do candidato.

Em vésperas de eleições para a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), a Rádio Universidade de Coimbra esteve à conversa com João Maduro, candidato pela Lista A – “Unir, Avançar – Académica de Abril”.

“Não é uma candidatura de uma só pessoa. É um grupo que conhece as dificuldades e que está disposto a lutar pela melhoria das condições”

Na apresentação do seu projeto, o cabeça-de-lista da candidatura à Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra fez questão de assinalar que o grupo por quem se faz acompanhar não está agora a entrar na discussão da política associativa e que a maioria das pessoas tem presença assídua nas Assembleias Magnas e em coletivos ligados à academia. Segundo afirma, aquilo que os motiva “é a insatisfação do dia-a-dia” e a “a consciência de que só pelas nossas mãos é que iremos mudar as coisas”.

Intimamente relacionada com as celebrações do cinquentenário do 25 de abril (não tivesse como mote “Académica de Abril”), a Lista A assume que a forma ideal de assinalar a data é através da luta. Maduro traça uma diferença em relação à lista oponente neste campo, destacando que a celebração deve ir além da recriação de momentos históricos ou da tradicional marcha pelas ruas da cidade – “a melhor maneira que teríamos de assinalar o 25 de abril é com uma ação bastante reivindicativa da AAC, não só para honrar o nosso historial de luta, mas acima de tudo porque quando os estudantes sentiram o 25 de abril não era este o tipo de ensino que queriam”.

“A DG/AAC funciona fechada em si mesma. Onde é que está o contacto com os estudantes?”

Um dos principais pilares da candidatura liderada por João Maduro é a unidade. De acordo com o responsável, as sucessivas Direções-Gerais não têm conseguido agregar estudantes para as suas causas por falta de planeamento, proximidade e colaboração com associações de estudantes de outros pontos da região ou do país. Tomando como exemplo a ausência de contacto com estudantes do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) (que, conforme afirma, foi várias vezes solicitado em Assembleia Magna), Maduro refere que existe uma falta de visão de conjunto que denuncia um “fracionamento do movimento associativo”.

Para o candidato, apesar das falhas que lhe possam ser apontadas, o Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA) é um espaço em que pode ser promovida a união entre estudantes, mas do qual a AAC saiu porque, no seu entender, “as sucessivas Direções-Gerais não percebem a noção de chegar a um consenso”. Nesse sentido, Maduro distancia-se da posição da lista liderada por Renato Daniel, que inscreveu no seu programa eleitoral a vontade de se juntar ao Conselho de Associações Académicas Portuguesas (CAAP), e considera que a criação de plataformas distintas coloca os estudantes “a remar para lados diferentes”.

“Isto não é a Universidade que se lembra que não quer melhorar o património. A partir do momento em que assistimos a um contínuo subfinanciamento do ensino superior, lógico que uma coisa que se vai degradando mais são as condições materiais dos edifícios.”

O candidato da Lista A debruçou-se ainda sobre a falta de condições no património da Universidade de Coimbra, que coloca em causa as condições em que os estudantes trabalham e em que a Associação Académica de Coimbra habita. Embora aponte o dedo à Universidade de Coimbra e à Câmara Municipal de Coimbra (entidades que, no seu entender, devem começar a investir mais na AAC se quiserem continuar a “vangloriar-se” do seu património histórico e desportivo), João Maduro identifica o subfinanciamento do ensino superior como sendo o principal obstáculo de todos. O responsável considera que DG/AAC e secções devem colocar-se lado a lado para lutar pelo seu espaço e que, caso o diálogo institucional não seja frutífero, os estudantes não podem ter medo de sair à rua.

Para ouvir a entrevista na íntegra pode aceder através do link acima ou do nosso Spotify.

 

 

 

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