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Ernesto Costa jubila-se com lição sobre mudança

Aula centrou-se no tema da transição de sistemas baseados em regras para sistemas que aprendem autonomamente. Qualidade da educação, financiamento das universidades e necessidade de revisão do Regime jurídico das instituições de ensino superior também fizeram parte da matéria dada.

Ernesto Costa ministrou a sua última aula na Universidade de Coimbra (UC), intitulada “Ofício: professor”. O professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) jubilou-se, após uma longa carreira de 47 anos, onde se destacou nas áreas da engenharia informática e da inteligência artificial. Foi ainda um dos fundadores do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da Universidade de Coimbra e do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC).

Na última lição de Ernesto Costa estiveram presentes Paulo Oliveira, diretor da FCTUC, que destacou a importância do trabalho desenvolvido pelo homenageado como professor e como um dos fundadores da área da inteligência artificial em Portugal, e Edmundo Monteiro, diretor do DEI, que elogiou a capacidade de influenciar os alunos demonstrada por Ernesto Costa, ao longo da sua carreira.

Num auditório repleto de professores do DEI, Ernesto Costa analisou como a aprendizagem de máquinas tem evoluído ao longo dos anos e enfatizou a transição que está em marcha, de uma inteligência artificial baseada em regras para sistemas que aprendem e se desenvolvem autonomamente por meio de reforço e feedback. Uma mudança que serviu de mote à última aula de Ernesto Costa.

Na parte final da sua última aula, Ernesto Costa expressou a sua preocupação com o financiamento das universidades, que considera insuficiente. Destacou a necessidade de criar meios de financiamento alternativos para garantir a qualidade da educação e mostrou-se contra a existência de propinas.

O professor catedrático apontou a necessidade de revisão do Regime jurídico das instituições de ensino superior, um regime que segundo o professor levou a uma diminuição da democracia e da representatividade nos órgãos de gestão das universidades.

Em declarações à RUC, Ernesto Costa partilhou a sua visão sobre as mudanças significativas que ocorreram desde que enveredou pela carreira do ensino. Destacou a procura crescente por resultados imediatos e a redução do tempo disponível para reflexão.

No ponto de vista do professor, hoje temos estudantes que, embora mais bem preparados conceptualmente, parecem menos maduros como cidadãos. Ernesto Costa expressou ainda preocupações sobre a burocracia que envolve a pesquisa científica nas universidades e a falta de investimento na educação.

O professor instigou a sociedade a reconhecer a importância da educação e a reacender a paixão pela formação. Disse ainda que nunca perdeu o sonho, a ilusão, nem a vontade de procurar transformar a universidade. O professor catedrático, agora jubilado, apesar das mudanças e desafios constantes, declarou a sua profunda gratidão aos alunos que teve ao longo dos anos e à Universidade de Coimbra como instituição.

Ernesto Costa encerrou a sua última aula dizendo, “Se saudades tenho é do futuro, não é do passado. É para o futuro que eu quero ir”.

A última lição do professor catedrático Ernesto Costa ocorreu a 18 de outubro no auditório Laginha Serafim do Departamento de Engenharia Civil da FCTUC.

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