Israel e Palestina: Uma guerra antiga sem fim à vista
“Um conflito de longa data que envolve disputas territoriais, políticas, religiosas e culturais. De um dos lados, Israel, uma nação judaica, e do outro a população Palestina que reinvidica o direito à sua autodeterminação.” Uma análise de Alexandre Carvalho.
O Observatório de quarta-feira, dia 11 de outubro, contou com uma análise em forma de resumo sobre este conflito que tem dizimado centenas de pessoas nos últimos dias. Alexandre Carvalho, doutorado em Ciências Políticas, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Sociais em declarações à RUC explicou com algum detalhe a origem desta guerra, o difícil caminho da busca pela paz e o extremismo que parece alimentar ambos os lados da “barricada”.
O ataque do passado sábado, dia 7 de outubro, foi motivado pela guerra que dura há mais tempo no mundo. Um conflito com raízes históricas que remonta à criação do estado de Israel. Desde a década de 1940, um novo movimento sionista defendia a fundação de um Estado judeu na Palestina que estava nessa altura sob domínio inglês. Durante o período entre a 1ª e a 2ª Guerra Mundial o conflito no protetorado da Palestina foi-se aprofundando à medida que a migração judaica aumentava e que aumentavam também os sentimentos nacionalistas palestinos. Como explica Alexandre Carvalho, foi em Novembro de 1947 que as Nações Unidas avançaram – através de um comité especial para a Palestina liderado pelos Estados Unidos e pela União Soviética – com uma proposta de partição da Palestina em dois estados: um judeu e um árabe, o que levou imediatamente a uma guerra civil.
Mais tarde, após o fim do mandato britânico e da criação do próprio estado de Israel nasceu uma nova fase da guerra. A criação do estado de Israel acendeu ainda mais o conflito, culminando numa invasão conjunta do Egito, Jordânia, Síria e Iraque no território recém-fundado, levando a Organização das Nações Unidas (ONU) a concordar com a redução para metade do território que seria destinado aos países árabes.
“Houve várias tentativas de alcançar a paz ao longo das várias décadas que este conflito dura mas as negociações falhavam invariavelmente devido a questões territoriais e à não aceitação do direito de retorno dos refugiados palestinos e ao estatuto de Jerusalém”
Em meados da década de 90, houve um momento em que a paz parecia estar no horizonte, quando Yasser Arafat e o então primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, realizaram os Acordos de Oslo, mediados pelo presidente dos EUA. Com isso, foi criada a Autoridade Nacional Palestina, responsável por todo o território da Palestina, que envolvia partes da Cisjordânia e a Faixa de Gaza. No entanto, em 1995, Yitzhak Rabin foi assassinado por um extremista judeu, e a extrema-direita ganhou força dentro de Israel. A partir daí os judeus tomaram uma posição de não cedência da desocupação das áreas onde ainda resistia a população palestina. Por esse motivo, os termos de paz dos Acordos de Oslo acabaram por fracassar. Nas palavras do politólogo, “os falhanços diplomáticos de parte a parte têm servido para criar um vácuo político e uma frustração social profunda entre os palestinos, potenciando a polarização e o extremismo – o que explica em parte a projecção do Hamas para um papel destacado de liderança política na Faixa de Gaza já neste século.”
“Este ataque do Hamas enquadra-se numa escalada que vem crescendo desde 2021. Não aparece num período de relativa calma do conflito”
Conforme explica Alexandre Carvalho, o ataque do Hamas foi inesperado não apenas pelo grau de violência mas também por ser muito pouco comum no histórico deste conflito que organizações palestinas consigam atuar como fez este grupo islâmico no passado sábado, entrando diretamente pelo território controlado por Israel. Pouco comum também foi a forma como Israel mostrou estar vulnerável a este ataque.
“O caminho para a paz neste conflito passa obrigatoriamente pela humanização do outro”
Alexandre Carvalho afirma que o extremismo do Hamas está alimentar o extremismo de Israel e vice-versa, o que torna ainda mais difícil o alcançar da paz. Acrescenta ainda que não haverá solução para este conflito enquanto “a noção de segurança de Israel depender da humilhação e submissão do povo palestino”.
“Se Israel continuar com este genocídio em câmara lenta, estaremos todos impávidos a assistir a este genocídio por parte de um estado criado para evitar que genocídios voltassem acontecer”
A análise completa de Alexandre Carvalho, está disponível no link acima ou no nosso Spotify.