Em 10 anos Acertar o Rumo já mudou a vida de “mais de 200 pessoas” oriundas de várias áreas do saber
O programa tem como missão preparar programadores para empresas tecnológicas. Na origem os candidatos e candidatas vêm de várias áreas. Formação superior, resiliência e motivação para abraçar uma nova profissão são requisitos importantes
Universidade de Coimbra (UC) entregou prémios de mérito e excelência da sétima e oitava edições do programa “Acertar o Rumo – Programação em Java”. Os alunos que frequentam o curso adquirem, em regime intensivo, competências técnicas de programação mas também de Sistemas Operativos, Bases de Dados, Redes de Computadores e Tecnologias de Internet.
A formação tem uma componente prática intensa, para além de alguns módulos teóricos em técnicas de programação. A fase letiva em contexto de sala decorre no Departamento de Engenharia Informática (DEI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e tem a duração de 10 meses. Segue-se um período de 12 meses em empresas tecnológicas.
Nos últimos dez anos o programa “já acertou o rumo a cerca de 200 pessoas” oriundas das mais diversas áreas, revelou Edmundo Monteiro, diretor do DEI na cerimónia de entrega de prémios de mérito e excelência.
Os premiados da sétima e oitava edição já estão no mercado de trabalho e tiveram “coragem de sair da sua zona de conforto para abraçarem uma área nova”, afirmou o diretor do Departamento de Engenharia Informática.
Foi o caso do Diogo Silva que veio da área da música onde trabalhou durante dez anos. O Diogo quando descobriu o Acertar o Rumo candidatou-se. Ao mesmo tempo continuou a dar aulas de piano em pós-laboral, aos fins de semana e à noite. Tirou mestrado em Educação Musical na Escola Superior de Educação de Coimbra.
À RUC, o Diogo contou as razões que o levaram a abraçar a nova profissão.
O Curso Acertar o Rumo destina-se a pessoas com formação superior, seja qual for a área de formação original. Têm, no entanto, de ter apetência e gosto pelas Tecnologias de Informação (TI) e forte motivação para redirecionar a carreira profissional.
Maria José Guerra tem um mestrado em Química, “que seria indicado para investigação”. Antes de terminar o mestrado apercebeu-se que não queria ser investigadora. O que fez com o Acertar o Rumo não foi uma mudança “muito grande” mas “um passinho ao lado”, esclareceu.
As empresas que aderem ao Acertar o Rumo para além de acolherem os formandos em contexto de trabalho, asseguram formação ‘on-the-job’.
António Correia frequentou o Acertar o Rumo em plena pandemia com tudo o que isso implicou. António formou-se no Departamento de Arquitetura da FCTUC. Tinha obras próprias mas trabalhava sobretudo com colegas.
Agora, aos 43 anos, quando lembra a insatisfação com a precariedade da antiga profissão, sente satisfação por ter aceitado o novo desafio. Parte da carreira foi passada na Academia, não estando satisfeito com as condições de trabalho, falou com colegas que já tinham feito o novo curso e aos 39 anos lançou-se “para o abismo”, disse.
André Bernardo é engenheiro mecânico e adora programar. Tendo sido um dos melhores alunos da edição do Acertar o Rumo que frequentou, destacou para a RUC as amizades que “ficam para a vida” e o espírito de entreajuda, apesar da concorrência.
O André aceitou mudar de curso, “não por necessidade” mas porque já “adorava” programar. A manutenção mecânica não era propriamente o que gostava de fazer. Foi mais uma questão de realização que o levou à mudança.
A dedicação a um curso novo com regime muito “intensivo”, precisa de “reflexão sobre os vários caminhos a seguir, em especial quando se muda de cidade, ainda que durante pouco tempo”, elucidou Carolina Figueirinha. Afetada pela pandemia durante a frequência do Acertar o Rumo, afirmou estar “muito feliz com a decisão” de abraçar uma nova profissão. Hoje está a trabalhar na Critical Software na sua cidade.
Carolina tirou Ciências Farmacêuticas na Universidade do Porto de onde é natural.
O Acertar o rumo já vai na 11ªa edição. Os alunos da nona edição estão em estágio nas empresas e os da décima estão a iniciar o estágio. As empresas recebem os formandos durante 12 meses, para estágio remunerado, em projetos de TI. Os alunos admitidos pagam uma propina no valor de 2850 euros.
Os prémios BPI La Caixa existem desde a sétima edição. Pelo Prémio de Mérito os formandos recebem 100 por cento da propina. Ao 2.º e 3.º classificados é atribuído o Prémio de Excelência no valor de 50 por cento da propina. Aos 10 melhores alunos seguintes é entregue um incentivo no valor de 15 por cento da propina.
Embora seja uma formação exigente a taxa de sucesso é elevada. O programa começou por uma ideia de Gonçalo Quadros da Critical Software e tem o apoio do BPI La Caixa. Artur Santos Silva representou a fundação na cerimónia presidida pelo reitor da UC, Amílcar Falcão.
Fotografia: UC@Paulo Amaral