BAiXaVoZ em estreia absoluta no festival “Correntes de um só rio”
Constituído por vozes femininas e masculinas de várias idades, o coro da Baixa de Coimbra vai apresentar-se pela primeira vez em público na Antiga Igreja do Convento São Francisco
“Vozes dos dias Arriscados” é o lema do primeiro espetáculo público do coro BAiXaVoZ, para o qual convidaram músicos e amigos poetas. Acontece este domingo, a partir das 18 horas na Antiga Igreja do Convento São Francisco.
A João Cação no contrabaixo junta-se Luís Pedro Madeira no e na guitarra, Manuel Rocha no violino e Quiné Teles na percussão. À Toeira Trupe cabe a viola toeira e guitarrinho. A poesia que resultou de Oficinas de Poesia de João Pedro Mésseder e Joana Ferrajão com o 4º ano da Escola de S. Bartolomeu e o Coro também vai ser ouvida.
Luís Pedro Madeira e Catarina Moura dirigem musicalmente o BAiXaVoZ. “Não é um coro lírico com muita técnica nem é um coro que faça repertório clássico”, afirma Luís Pedro Madeira. No entanto, “é um coro que tem uma mais-valia muito grande que é de gente que se juntou com vontade de cantar coisas e de estar junta para cantar”, revelou à RUC o codiretor musical.
“Um coro que já começa a ter o seu som”, disse.
Do espetáculo de domingo, dia 7 de outubro também vai fazer parte a poesia. Conta-nos a nota de imprensa que vão evocar palavras como “Resistência”, “Liberdade” e “Futuro” e que “vozes dos dias arriscados é feito, também, de palavras, de crianças e adultos. Palavras que expressam pensamentos e sentimentos, na forma de haiku, um modo japonês de condensar as reflexões sobre a Baixa de Coimbra, em pequenos poemas de três frases”.
O BAiXaVoZ “não é apenas um coro, é também um coro”, esclareceu Luís Pedro Madeira.
“Nestas ruas permanece a memória dos dias arriscados: esta é a Baixa em que os estudantes semearam flores nas mãos dos passantes nos dias da ditadura, em nome da liberdade; é a Baixa que confirmou a condição de ser livre nos dias de bradar “o po-vo-u-ni-do…” ali ao Largo de Sansão”, lembra a nota enviada às redações para anunciar o concerto.
Também permanece na baixa de Coimbra o trabalho da Toeira Trupe que o BAiXaVoZ convidou, não por acaso. Afinal, há quem queira “descobrir o som das toeiras dos luthiers da Sofia”.
A RUC assistiu ao ensaio de sábado no Convento São Francisco e procurou saber das razões para os coralistas e coralistas terem aderido àquele coro em particular.
Creuza Cortez, aluna de doutoramento em Biociências na Universidade de Coimbra, encontrou no coro uma atividade para fazer novas amizades. O coro é “divertido e belo” e permite-lhe continuar uma atividade de que gosta e já experimentou quando estava no Brasil.
Marieta Cruzeiro foi professora de matemática e ao tempo fez parte de dois coros mas as tarefas do dia-a-dia impediram-na de continuar. Agora que está aposentada voltou às artes corais e “está a gostar”.
Carlos Bento veio para o coro para acompanhar a esposa que tem voz para cantar. Enfermeira no Centro Hospitalar de Coimbra nos Covões, cantou “muitos anos” no Coro D. Pedro de Cristo mas a maternidade afastou-a do que amava fazer.
Os ensaios do coro BAiXaVoZ decorrem todas as segundas-feiras n’ A Escola da Noite das 18h00 até às 20h00. Com frequência de acordo com a disponibilidade de cada um, por lá se cimentam amizades e se cria sentido de comunidade.
O grupo nasceu no seio da associação Há Baixa e tem um repertório que nos lembra os cantares populares cantados ao longo de séculos.
O Há Baixa tem apoio financeiro da Fundação GDA e do ciclo de música Orphika da Universidade de Coimbra. A Câmara Municipal de Coimbra é parceiro institucional e a Escola da Noite é o parceiro estratégico. A direção da associação é da responsabilidade de Catarina Pires.