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“Ti Coragem e Filhos Lda” d’ O Teatrão interpela portugueses e papel dos media nas guerras atuais

“Não somos diferentes dos outros, vivemos num mundo globalizado, só quem não tem olhos é que não percebe todos os conflitos que estamos a viver”, lembra Isabel Craveiro, diretora artística da companhia sediada na Oficina Municipal do Teatro.

A nova produção d’ O Teatrão a partir do texto da “Mãe Coragem e os seus filhos” de Bertolt Brecht tem encenação de Marco Rodrigues. A peça com tradução de António de Sousa Ribeiro e Dramaturgia de Jorge Louraço Figueira vai estar em palco de 12 de outubro a 12 de novembro.

Sete atores (Eva Tiago, Dinis Binnema, Hugo Inácio, Isabel Craveiro, João Santos, Margarida Sousa e Rui Damasceno)  e três músicos (Miguel Cordeiro, Ricardo Brito e Victor Torpedo) dão-nos uma versão contemporânea das palavras de Brecht. 

“Este pacifismo tornou-se passividade e gerou um passivo”, frase que procura questionar o velho país que é Portugal com as suas fronteiras de mais de oitocentos anos. “Os nossos rapazes e raparigas têm ficado para trás”, outra frase que nos deixa a pensar.

A RUC esteve no ensaio para a imprensa e foi interpelada pelos atores, à semelhança do que vai acontecer com o público que for ver o espetáculo.

No dia 12 de outubro o Teatrão dá início à celebração dos 30 anos da companhia com a estreia da criação: “Ti Coragem & Filhos Lda“. O texto de Brecht está naturalmente lá. Ao longo da peça de teatro musicado, com duração de duas horas e meia, não vai haver tempo para bocejar.

Na peça em palco, a guerra “tem uma característica muito subjetiva e pessoal”. Parte da luta diária das pessoas, onde a palavra “empreendedorismo”, tantas vezes repetida, ganha no texto dito um outro significado, conta o encenador Marco Rodrigues

Bertolt Brecht escreveu a sua “Mãe Coragem e seus Filhos” em 1939, seis anos antes do lançamento da bomba atómica em Hiroshima no Japão. A dramaturgia de Jorge Louraço Figueira transporta-nos para o mundo atual, um mundo a debater-se em várias guerras. A guerra que usa armas mas também a precariedade da vida de cada um.

Um texto que diverte e ao mesmo tempo coloca o espetador a pensar. Um lugar onde a música tem um papel importante e direção musical de  Victor Torpedo.

A recente guerra na Ucrânia mostra-nos como se continuam a digladiar  no mundo as “grandes potencias econoómicas que se engalfinham na disputa de espaços económicos e geopolíticos. Não há conflitos ideológicos envolvidos, é a economia, estúpido!”, diz-nos o dossier de imprensa de “Ti Coragem e Filhos Lda”. E neste panorama, o papel que os órgãos de comunicação social têm desempenhado não é inocente.

“A batalha campal ora encenada, traz no século XXI, a novidade do papel das mídias” adianta o dossier de imprensa. Papel confirmado, no final do ensaio, pela diretora artística do Teatro e materializado nas atividades paralelas que vão ter lugar.

A primeira conferência sobre o tema “Economia Política e Geoestratégia na Atualidade” acontece a 26 de outubro. A segunda conferência, “Media e os movimentos populistas e fascistas do séc. XXI”,  realiza-se a 9 de novembro. Quanto ao seminário “Brecht, Guerra e Capitalismo” tem lugar a 3 de Novembro.

Já a oficina de encenação “Escrita Cénica: Encenação e Interpretação” acontece a partir de 25 de novembro, sextas das 18h00 às 21h00 e sábados das 10h00 às 13 horas.

Fotografia: Teatrão@Carlos Gomes

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