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Dez anos depois da sua estreia em Coimbra, Tulipa Ruiz voltou ao Salão Brazil com “Habilidades Extraordinárias”

Levou uma década para que Tulipa Ruiz voltasse a Coimbra, ao Salão Brazil, e nos trouxesse “Habilidade Extraordinárias” (2022), último disco da artista, uma espécie de síntese das aprendizagens colhidas durante esses anos, misturadas com recomendações para enfrentar os próximos.

No passado dia 4 de setembro, no Salão Brazil, Tulipa Ruiz conduziu o público por uma década de música, com especial destaque para o seu mais recente trabalho “Habilidades Extraordinárias”, um disco de 2022. São dez anos feitos de quatro álbuns e diversas colaborações (com Liniker, Marcelo Janeci, Emicida, Nando Reis e Ná Ozzetti a alimentar essa lista que ainda cresce) que consolidaram Tulipa Ruiz no lugar de cantautora – mesmo que essa palavra não tenha lugar no léxico do português do Brasil, faz questão de a usar para se identificar, apresentar e localizar neste caminho trilhado a compor e interpretar canções. 

É essa cantautora que nos conta que “Habilidades Extraordinárias” é um álbum com menos cor do que os antecessores, habitado pelas contradições potenciadas pela pandemia e movido pela busca do inesperado. Encontrou o título na designação do visto EB-1 de entrada nos Estados Unidos, cedido a profissionais agraciados com um prémio de reconhecimento internacional. É assim que se designa também Tulipa Ruiz, ao ter sido em a artista vencedora de um Grammy Latino para o melhor álbum de pop contemporâneo brasileiro com o disco “Dancê”, 2015. 

Além da cronologia que organizou a visita às diferentes temporalidades da trajetória de Tulipa Ruiz, o concerto–viagem fez-se também de diversas geografias e influências, com paragens afectivas nos trabalhos que desenvolveu com e para outros artistas brasileiros. Foi assim que pudemos ouvir “Banho”, faixa que compôs para Elza Soares incluir no seu trabalho “Deus é mulher”, de 2018. A referência à Mulher do Fim do Mundo, que nos deixou no início do ano passado, embalou-nos para a recordação de quem também nos deixou recentemente. Expressivamente acompanhada pelo público e para o amigo e parceiro João Donato, cantou “O Recado da Flor”, faixa que com ele partilha em “Habilidades Extraordinárias”. Dedicada a Gal Costa, ouvimos “Hotel das Estrelas”, uma composição de Jards Macalé – também ele entre os exaltados naquela noite – para essa Gal Fatal e Tropical, força estranha, voz tamanha, que ainda canta e não vai parar!

Para a despedida, fez-se ecoar novamente no Largo do Poço o tema “Efêmera”, homónimo do álbum de estreia de Tulipa Ruiz, lançado em 2010. Mais uma vez, o coro formado por muitas vozes vindas da plateia em pé confirmou que uma década foi demasiado tempo de espera e há muita gente ansiosa por um novo voo guiado pelo cajado que Tulipa Ruiz ostenta na capa do álbum em apresentação, o mesmo que nos tem guiado pelos caminhos musicais que tem trilhado.

Antes do seu concerto em Coimbra, a cantautora esteve à conversa com Tânia Rocha, locutora do programa Malandragem Ò Malandragem da Rádio Universidade de Coimbra. A entrevista pode ser escutada aqui

 

Fotos: Camila Fizarreta/Rádio Universidade de Coimbra

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