Membros da CD/AAC divergem quanto à permanência do atual presidente no cargo
Diogo Curto entende que Pedro Martins deve ceder o lugar a alguém com mais disponibilidade. Ana Vidal considera que cabe ao presidente avaliar se deve continuar em funções.
Depois de o presidente da Comissão Disciplinar da Associação Académica de Coimbra (CD/AAC), Pedro Martins, ter negado no final de julho as acusações de que foi alvo numa carta aberta em que o 3.º vogal, Eurico Figueiredo, exigiu a demissão do dirigente, a RUC quis ouvir as perspetivas dos restantes membros.
A 1.ª vogal, Ana Vidal, a única eleita pela lista de Pedro Martins, não assinou o documento que Eurico Figueiredo tornou público a 17 de julho. Embora reconheça que houve momentos em que o 3.º vogal e o presidente conversaram sobre as suas divergências, Ana Vidal entende que se devia ter insistido no “diálogo interno” e evitado a exposição pública. A vogal admitiu, em entrevista à RUC, que não tem uma posição favorável nem a Eurico Figueiredo, nem a Pedro Martins. Para Ana Vidal deve ser o presidente a avaliar se deve continuar a dirigir a CD/AAC – tal como lhe pediu para fazer no plenário do dia 12 de julho, confessou. Questionada sobre a veracidade da alegada falta de disponibilidade de Pedro Martins, a 1.ª vogal optou por remeter para as atas dos plenários.
Na consulta realizada a 10 de agosto, a RUC teve acesso às atas das reuniões realizadas até 1 de junho, nas quais não constam alusões diretas à disponibilidade do presidente. No entanto, no plenário do dia 24 de maio, segundo a ata, a 1.ª vogal desabafou que “devido a situações externas ao órgão”, Pedro Martins revelou “dificuldades a colocar em prática a função de repartir processos”. Apesar de Ana Vidal, no passado, ter votado a favor que o presidente ficasse com aquela competência (enquanto Eurico Figueiredo e o 2.º vogal, Diogo Curto, votaram contra), a própria pediu uma alteração ao Regimento Interno do órgão, aprovada por unanimidade, para passar a responsabilidade para as mãos do plenário, como revelou a vogal à RUC e como confirma a ata daquela reunião.
Para Diogo Curto, o único membro que subscreveu o documento escrito por Eurico Figueiredo, foi “inevitável” expor o descontentamento com a prestação de Pedro Martins, depois de várias conversas que, de acordo com o vogal, não surtiram efeito. Na ótica de Diogo Curto, ceder o lugar a alguém com mais disponibilidade é uma “solução sensata” a tomar pelo presidente. Pedro Martins alegou, em resposta a carta do 3.º vogal e subscrita por Diogo Curto, que se trata de um “extravasar de conflitos pessoais”. Porém, o 2.º vogal afirmou que só tem em vista o bom funcionamento da CD/AAC.
Eurico Figueiredo lamentou, na carta aberta de 17 de julho, que o único processo pelo qual Pedro Martins ficou responsável, no dia 1 de junho, ainda não tivesse avanços até então. Para Diogo Curto não faz sentido que o dirigente aponte o calendário de exames como justificação (como fez, na resposta aberta a Eurico Figueiredo, bem como em entrevista à RUC). O vogal também não entende os motivos apresentados em plenários, antes de a situação vir a público, para as alegadas “falhas sucessivas” que aponta a Pedro Martins.
Ana Vidal e Diogo Curto concordam que, apesar das divergências internas, a CD/AAC, como um todo, tem conseguido dar vazão aos processos disciplinares. Diogo Curto garantiu que pretende manter-se em funções e estabelecer diálogo com o presidente.
Eurico Figueiredo assegurou que se demitia caso Pedro Martins não o fizesse. Assim o fez, depois de o presidente ter vindo a público negar as acusações e afirmar que reúne as condições para continuar no cargo. O cargo abandonado por Eurico Figueiredo foi assumido por Daniel Tadeu, que é também presidente da Assembleia de Revisão de Estatutos.