Alma Azul lança coleção de poesia em homenagem a Mário Cesariny
A reedição do título “Clepsidra” do poeta natural de Coimbra, Camilo Pessanha, será a primeira obra a ser lançada na nova coleção da editora coordenada por Elsa Ligeiro
A revelação ocorreu ontem, no Café Santa Cruz em Coimbra, durante a homenagem que a Alma Azul prestou ao poeta e pintor Mário Cesariny, nascido há cem anos, em 9 de agosto.
“O Navio de Espelhos”, poema de Cesariny, vai dar nome à coleção tendo como missão revelar novos valores da literatura em especial da poesia em Língua Portuguesa. Segundo a editora e produtora cultural da Alma Azul, Elsa Ligeiro, vão ser lançados um ou dois títulos por ano. A edição quer chegar ao Brasil e aos países africanos e “está a ser muito cuidada”. A primeira obra da nova coleção vai assinalar em setembro os 24 anos da editora Alma Azul.
Durante a sessão de leitura de poesia do poeta, Elsa Ligeiro, lembrou a “ironia” e o humor” e “a capacidade que Mário Cesariny tinha de transformar os lugares onde estava”. Não se privava de dizer o que pensava e sobretudo tinha a coragem “de ser verdadeiro”, sublinhou a editora.
Para a fundadora da Alma Azul “quem salva um autor do esquecimento é o leitor e os editores à moda antiga”, na medida em que são mediadores entre autor e leitor. Em relação à poesia de Cesariny, Elsa Ligeiro destaca o trabalho da Assírio & Alvim ao tempo de Manuel Hermínio Monteiro. “Sem a Assírio & Alvim, hoje, haveria menos leitores e menos leitores jovens do Mário Cesariny”, esclareceu.
No próximo ano celebram-se os 25 anos da Alma Azul e os 50 anos do 25 de Abril de 1974. A editora quer assinalar as duas datas com residências artísticas dedicadas aos que amam a literatura.
Durante todo o ano de 2024, a editora vai desenvolver de janeiro a dezembro residências para leitores. Sob o tema da Liberdade, no espaço da Serra da Gardunha, a iniciativa tem como objetivo “resgatar a literatura para apresentá-la como uma Arte Maior”.
A Alma Azul foi fundada em Coimbra em 1999. A sessão de ontem no Café Santa Cruz em Coimbra, um espaço que também está a assinalar cem anos de vida, foi aberta a todos.
O encontro passou por uma conversa informal sobre a vida e obra de Mário Cesariny. Houve ainda tempo para leituras de alguns dos poemas do autor de “Pena Capital”, nomeadamente “O Navio de Espelhos” e “Pastelaria”. No Café Santa Cruz a Alma Azul já dedicou um encontro a Eduardo Lourenço, outro autor que nasceu em 1923.
Para saber mais sobre a Alma Azul pode ouvir aqui a entrevista realizada nos 15 anos da editora. Uma entrevista conduzida por Óscar Apóstolo.