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09.08.2023POR Gonçalo Pina

Jornada 1: Falsa partida no regresso a uma casa onde já se foi muito feliz

Dupla de avançados sul-americana foi erro de casting que custou caro à Briosa. Pedia-se mais a uma equipa que diz ambicionar os quatro primeiros lugares da série.

O horário até não era muito convidativo (agradeça-se ao ‘efeito Jornadas Mundiais da Juventude’), já se sabe como é Coimbra em agosto e, a somar a tudo isto, o jogo era bem longe do centro da cidade: estavam reunidos todos os ingredientes para que se assistisse a um espetáculo pobre de futebol de que poucas pessoas pudessem contar a história. Se o futebol praticado pode não ter sido o melhor, os adeptos não desiludiram e pintaram de negro as bancadas do Sérgio Conceição, contrastando com a meia-dúzia de ‘papos-secos’ (nome pelo qual eram conhecidos os associados do 1º de Dezembro) que se deslocaram de Sintra até à lusa-Atenas.

Sob um calor abrasador que só podia ser combatido com a cerveja servida à porta do estádio, a Académica apresentou-se, sem grandes surpresas, em 4-4-2. Com Carlos Alves na baliza, Francisco Ferreira, Tusso, Miguel Rodrigues e Stitch a compor o quarteto defensivo, Hugo Seco, João Silva, Vasco Gomes e David Teles a alinhar no meio-campo e João Victor e o (não tão) matador Juan Perea no ataque, Tiago Moutinho apostava naquilo a que já nos tinha habituado, mas com homens diferentes – o que muda tudo.

Primeira parte dominadora, mas com poucas oportunidades

Cedo se percebeu ao que vinha o 1º de Dezembro de Rui Maside. Com um verdadeiro tanque de guerra na pessoa de Drogba Camará, que segurava a bola lá na frente, a equipa procurava subir (sempre muito apoiada nas investidas de Diogo Castro) e, volta e meia, fazer trabalhar Tusso e Miguel Rodrigues. Fora isso, os ‘guerreiros de Sintra’ jogaram na retranca e deram iniciativa de jogo à equipa da casa.

Com mais bola nos pés, os homens da Briosa chegaram poucas vezes a zonas de perigo e não foram capazes de faturar – nota para os quatro remates quase consecutivos de Perea (duas vezes), João Silva e João Victor, que ainda fizeram suar o guarda-redes Diogo Almeida. Desta vez, a aposta do técnico portuense não resultou e a dupla ofensiva deixou a desejar: enquanto o novo jogador brasileiro parecia estar deslocado do seu habitat natural ao ser colocado atrás do nosso ‘cafetero’, deixando até saudades (e perdoem-me os deuses do futebol) de Diogo Ribeiro, o colombiano aparentava ainda estar com a cabeça em Medellín, tal era a falta de discernimento e de capacidade física apresentada.

Mais golos, os mesmos problemas

Sem nenhuma troca, ambas as equipas regressaram do descanso sem muito mais para oferecer do que aquilo que já tinha sido visto na primeira parte. A tónica geral do encontro só se alterou quando, ao minuto 59, uma rosca de Gabriel Castro serviu João Silva que, com todo o tempo do mundo, não perdoou. Nos cinco minutos que se seguiram, o jogo mudou (e muito). O 1º de Dezembro viu-se obrigado a correr atrás do prejuízo e a Académica, que até aí se tinha visto incapaz de perfurar a muralha defensiva do adversário, começou a encontrar espaços. Os adeptos entusiasmaram-se e a equipa também – o que tornou ainda mais trágico o que se viria a passar a seguir. Rui Maside percebeu o jogo e fez entrar Diogo Grácio (talvez o melhor em campo dos sintrenses) e Juan Herrera, que combinaram na perfeição para o tento do empate, deixando a defesa da Briosa muito mal na fotografia.

Reestabelecida a igualdade, o jogo viu o seu destino traçado e acabou por não ter muito mais história. Exigia-se velocidade, mas a Académica já não tinha pulmão – Perea rebentou cedo e desapareceu, João Silva pediu a substituição e Stitch saiu muito queixoso. Tiago Moutinho ainda tentou mexer, mas pouco adiantou: Toki e Ailson não tiveram apoio quando tentaram operar uma missão de resgate; a bola chegou poucas vezes a Fausto, que bem se esforçou; Lucas Henrique não teve tempo; Outeiro foi nulidade. O jogo terminou com o empate a uma bola, para desalento dos milhares de pessoas que se deslocaram a Taveiro. Entre os homens de Coimbra, João Silva foi claramente o que mais se destacou, levando assim o prémio MVP RUC.

A Académica volta a entrar em campo no próximo sábado, pelas 20h00, para defrontar o Alverca – adversário substancialmente menos acessível do que o 1º de Dezembro, sobre quem se impunha a vitória. A partida pode ser acompanhada em 107.9 FM ou em ruc.pt, com os Relatos RUC.

(Fotografia: Rui Rodrigues)

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